O Panamá abriu nesta segunda-feira (23) a “Semana do Clima da América Latina e do Caribe”, uma reunião de cúpula destinada a preparar uma posição comum para levar à conferência COP28, sobre as mudanças climáticas, que será realizada a partir de 30 de novembro em Dubai.

O encontro na capital panamenha, ao qual deverão se juntar na quarta-feira os ministros do Meio Ambiente dos 33 países da região, começou com apelos para aproveitar as experiências locais ao desenhar soluções globais para frear o aquecimento do planeta.

“Juntos, exploraremos soluções, compartilharemos as melhores práticas e estabeleceremos alianças para enfrentar os desafios”, disse o ministro panamenho da pasta, Milciades Concepción, ao abrir o fórum.

O encontro, que terminará na sexta-feira e reúne cerca de 3.000 delegados de governos locais e nacionais, povos indígenas, sociedade civil e iniciativa privada, permitirá analisar “os desafios climáticos, inspirar uma maior ambição e contribuir para o primeiro balanço global do Acordo de Paris”, segundo os organizadores.

Essa cúpula “é um importante passo para renovar a ambição mundial na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP28) para manter o aquecimento global abaixo dos 1,5 grau Celsius” em 2050, acrescentaram. A COP28 será realizada entre 30 de novembro e 12 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes.

“A narrativa relacionada às conferências da mudança climática é como um filme […]. Estamos vendo como esse filme tem evoluído, mas acreditamos que ainda há muito caminho a percorrer”, disse Alicia Montalvo, gerente de Biodiversidade do Banco de Fomento da América Latina (CAF) na abertura.

No primeiro dia, também houve um debate sobre mitigação de danos causados por desastres naturais, e sobre a preservação dos manguezais, que ajudam a conter a erosão costeira e reduzem o impacto das ondas em caso de aumento do nível do mar. “Se cortamos os manguezais, perdemos a capacidade de mitigação”, disse Julio Montes de Oca, da ONG Audubon.

Ligia Castro, responsável de mudanças climáticas do Ministério de Meio Ambiente do Panamá, advertiu: “Não podemos seguir restaurando a linha costeira, porque iremos perder esse investimento pelo aumento do nível do mar”.

Neste primeiro dia, também houve encontros organizados por associações de governos locais. “As mudanças climáticas já cobram um preço alto em nossa região amazônica, como a enorme seca que nos atinge”, disse Luiz Arnaldo Diaz Campos, de Belém.

“Os governos nacionais estão provando que são incapazes de solucionar os desafios ambientais”, acrescentou Campos em um fórum paralelo da Mercociudades, rede sul-americana de governos locais. Suas palavras foram apoiadas por Marcela Díaz-Vaz, representante de Peñalolém, município da capital chilena, Santiago, que ressaltou que “para combater a crise climática, devemos passar do local para o global”.

“Somos nós, os municípios, os governos locais, as cidades, os que vemos os problemas reais que as pessoas têm e somos nós os que tentamos resolver os problemas”, declarou Marcela à AFP. “O principal problema ambiental em Peñalolén e, na realidade, na América Latina como um todo, é o manejo dos resíduos”, acrescentou.

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