Cúpula entre Trump e Putin sobre Ucrânia termina sem acordo

Cúpula entre Trump e Putin sobre Ucrânia termina sem acordo

"ReuniãoApós quase 3 horas de reunião a portas fechadas, líderes fizeram declaração conjunta. Putin classificou encontro como "construtivo", e Trump, como "extremamente produtivo", mas disse que "ainda mais precisa ser feito".O presidente dos EUA, Donald Trump, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, se encontraram nesta sexta-feira (15/08) no Alasca para negociar um possível cessar-fogo na guerra na Ucrânia.

Depois de quase três horas reunidos a portas fechadas, às 14h55min no horário local (19h55min de Brasília), Trump e Putin iniciaram uma declaração conjunta a jornalistas. Mas não chegaram a um acordo para encerrar o conflito na Ucrânia.

Os dois líderes chegaram à base militar Elmendorf-Richardson, na cidade de Anchorage, por volta das 11 horas da manhã no horário local (16h no Brasil).

Trump recebeu Putin aplaudindo-o em um tapete vermelho e o cumprimentou com um aperto de mão. Sorridente, Putin retribuiu e pareceu fazer uma brincadeira no primeiro contato entre eles, na pista da base.

Após cumprimentarem-se, posaram para fotos junto de alguns assessores e seguiram para a reunião, sem fazerem declarações aos jornalistas.

A cúpula do Alasca foi o primeiro encontro presencial entre líderes em exercício dos EUA e da Rússia desde 2021. A invasão da Ucrânia, iniciada ainda sob o governo de Joe Biden, afastou a diplomacia de Washington, que passou a aplicar sanções contra Moscou em retaliação ao conflito.

Desde que assumiu seu segundo mandato, Trump vem impondo a intermediação americana para um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia. Em fevereiro, ele abriu negociações diretas com Moscou por meio de uma ligação telefônica com Putin e, no mês seguinte, chegou a suspender o envio de ajuda militar à Ucrânia – decisão posteriormente revertida com o apoio de países europeus.

Enviados americanos têm participado de conversas com representantes russos na tentativa de suspender a ofensiva militar, que ainda não levaram a avanços claros. Mais recentemente, Trump mudou o tom e passou a se dizer irritado com o líder russo, prometendo impor mais sanções contra Moscou se não houvesse uma trégua na guerra.

Zelenski se manifesta: "Russos seguem matando"

Enquanto Trump e Putin davam início ao encontro, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, se manifestou na rede social X: "No dia das negociações, os russos continuam matando. E isso diz muito. Recentemente, discutimos com os Estados Unidos e os europeus o que pode realmente funcionar. Todos precisam de um fim justo para a guerra. A Ucrânia está pronta para trabalhar da forma mais produtiva possível para pôr fim à guerra", escreveu.

Zelenski também divulgou, em vídeo, uma atualização sobre os combates com uma lista de alvos russos na Ucrânia: "Sumy: um ataque russo ao mercado central; região de Dnipro: ataques a cidades e empresas; Zaporizhzhia, região de Kherson, região de Donetsk: ataques deliberados da Rússia; A guerra continua, precisamente porque não há nenhuma ordem nem mesmo um sinal de que Moscou esteja se preparando para acabar com essa guerra".

Europa espera por cessar-fogo

A cúpula entre os dois líderes é acompanhada por tensões na Europa. Os sinais enviados por Trump desde que assumiu o mandato movimentaram países europeus, que viram uma tentativa da Casa Branca de escanteá-los nas negociações, diminuindo sua influência sobre os rumos de um conflito que se desenrola em seu continente.

Líderes chegaram a se reunir na França em uma cúpula de emergência em fevereiro para tentar garantir que os interesses europeus estivessem representados nas negociações.

Nesta semana, representantes da Alemanha, França, Reino Unido, Polônia, da Comissão Europeia e da Otan dialogaram com Trump por videoconferência com apelos para que a reunião levasse a um cessar-fogo.

Zelenski, que não foi convidado para a cúpula no Alasca, participou dessa videoconferência com Trump. A expectativa dos europeus é que Moscou aceite a imposição de garantias de segurança à Ucrânia como transição para o fim da guerra.

Os países também pressionam Trump a não negociar terras ucranianas sem a presença de Kiev. A possibilidade de trocas territoriais como caminho para a paz foi aventada pelo presidente americano antes da reunião, enquanto Moscou lançava uma ofensiva relâmpago com o objetivo de avançar sobre o território ucraniano antes das conversas.

Aos aliados europeus, Trump prometeu buscar uma segunda reunião trilateral que envolva também Zelenski, e disse que informaria os resultados da conversa com Putin.

gq/gb (DW, ots)