Dezenas de dirigentes se reúnem na capital francesa nesta terça-feira (12) para tentar acelerar o financiamento da luta contra as mudanças climáticas, dois anos depois da assinatura do Acordo de Paris.

“O desafio é imenso. Temos de fazer todo o possível para superá-lo”, declarou o primeiro-ministro de Fiji, Frank Bainimarama, presidente da 23ª Conferência da ONU sobre o Clima (COP23), insistindo na importância de financiamentos públicos e privados, durante a abertura da reunião que contará com a presença de chefes de Estado e de governo à tarde.

O presidente francês, Emmanuel Macron, lançou a ideia da cúpula após o anúncio, por parte de Donald Trump, da retirada dos Estados Unidos desse histórico acordo firmado em 2015 contra o aquecimento global.

Em entrevista publicada hoje no jornal Le Monde, Macron defendeu que uma “mobilização muito mais forte” é indispensável para conter a alta das temperaturas até 2ºC.

“Estamos muito longe da meta do Acordo de Paris de conter a alta das temperaturas no limite de 2ºC e, se possível, 1,5ºC. Sem uma mobilização muito mais forte, um choque em nossos próprios meios de produção e de desenvolvimento, não conseguiremos”, afirmou Macron.

Em outra entrevista, desta vez à rede americana CBS a algumas horas do início da reunião, Macron voltou a questionar o presidente americano sobre sua “responsabilidade diante da História” e disse ter “bastante certeza” de que Trump “vai mudar de ideia nos próximos meses, ou anos”.

O acordo tem como objetivo conter a alta da temperatura até o limite crítico de 2°C. Com base nos compromissos assumidos pelos Estados, o planeta se dirige, porém, para +3°C em relação à era pré-industrial.

Uma alta de menos de 1°C foi o suficiente para causar mais precipitações, derretimento das geleiras, ou o aumento do nível do mar.

Para reduzir a emissão dos gases causadores do efeito estufa e atingir as metas, serão necessários investimentos em massa.

– Recursos: US$ 3,5 bilhões por ano –

“A Agência Internacional de Energia estima que serão necessários, em média, US$ 3,5 bilhões (de investimentos no setor energético) ao ano, durante 30 anos, para conter o aumento das temperaturas a um mínimo de 2°C”, declarou o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, pouco antes dessa “One Planet summit”.

Cerca de 60 chefes de Estado e de governo são esperados na ilha Seguin, ao oeste de Paris. Entre eles, estão o presidente mexicano, Enrique Pena Nieto; o rei do Marrocos, Mohammed VI; presidentes africanos e de pequenas ilhas vulneráveis ao aquecimento global; assim como o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker; e o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

China, Índia, ou Canadá, grandes emissores de gases causadores do efeito estufa, devem estar representados apenas em nível ministerial.

E os Estados Unidos, cujo presidente não foi convidado, será representado por um encarregado da embaixada.

“Não tem importância que Donald Trump tenha virado as costas para o Acordo de Paris”, disse na segunda-feira (11) o ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger, ressaltando que o compromisso dos americanos se dá em todos os outros níveis.

“Ninguém deixou para lá (…) Nós, no nível subnacional, vamos pegar o bastão”, insistiu o fundador do R20, rede de autoridades regionais.

O país anfitrião insiste em que a cúpula de hoje não é uma conferência de doadores e evoca “soluções concretas” para “multiplicar os projetos no terreno”.

Com cartazes como “Uma França exemplar” e “OGM não obrigado”, cerca de 200 pessoas se reuniram diante do Panteão, em Paris, em paralelo à cúpula, atendendo à convocação de várias organizações.