As principais autoridades da China, lideradas pelo presidente Xi Jinping, iniciam na segunda-feira (15) em Pequim uma reunião crucial para a recuperação de uma economia abalada pela crise do setor imobiliário, pela queda do consumo e pelo índice elevado de desemprego entre os jovens.

Um ano e meio depois do fim das restrições impostas durante a pandemia, a recuperação pós-covid da segunda maior economia mundial foi breve e menos vigorosa que o esperado.

Além dos problemas internos, o país também enfrenta as restrições comerciais impostas por União Europeia (UE) e Estados Unidos para proteger seus mercados dos produtos chineses de baixo custo que, alegam, representam uma concorrência desleal.

Neste cenário, o Partido Comunista da China (PCCh) celebra de 15 a 18 de julho a terceira sessão plenária do Comitê Central, uma reunião comandada por Xi Jinping que estava prevista inicialmente para acontecer em outubro do ano passado.

A reunião do Comitê Central deve definir, a princípio, as grandes orientações econômicas do país para os próximos cinco anos.

A tradição remonta a 1978, quando o então líder Deng Xiaoping apresentou as reformas que permitiriam o crescimento econômico fulgurante da China nas décadas seguintes.

Na reunião da próxima semana, os analistas esperam medidas para apoiar a atividade econômica.

Xi Jinping disse na semana passada que o PCCh planeja grandes reformas, embora a palavra “reforma” sob o seu governo normalmente faça referência mais a ajustes que a grandes mudanças políticas.

– Reforma, não ruptura –

“O governo chinês enfrenta problemas para aplicar uma estratégia econômica bem-sucedida desde o fim da pandemia”, afirmou Andrew Batson, analista da consultoria Gavekal Dragonomics.

“Por isso, há muitas esperanças de que esta terceira sessão plenária apresente avanços”, acrescentou.

Mas não se deve esperar uma “ruptura” com o caminho traçado até agora por Xi, que tem priorizado a segurança nacional ao crescimento econômico, explica.

“A reforma não consiste em mudar de direção”, afirmou na segunda-feira o Diário do Povo, o jornal oficial do Partido Comunista.

O início da reunião deve coincidir com a publicação dos dados de crescimento da China no segundo trimestre.

Um grupo de analistas entrevistado pela AFP projeta um crescimento médio de 5,3% do PIB em ritmo anual entre abril e junho, o que ficaria dentro da meta de 5% definida este ano pelo governo chinês.

Embora seja um desempenho invejável para muitos países, o índice está longe do crescimento de dois dígitos transformou a China na segunda maior economia do mundo.

– “Prosperidade comum” –

A atividade econômica continua penalizada pelo endividamento excessivo do setor imobiliário, um pilar tradicional do crescimento que já representou 25% do PIB do país.

As medidas de apoio a curto prazo são “absolutamente necessárias” para estimular uma “economia vacilante”, afirmou o analista Ting Lu, do banco japonês Nomura.

Mas a sessão plenária serve, em particular, para “discutir as grandes linhas a longo prazo e as reformas estruturais, não ajustes de curto prazo”, lamentou o analista.

A conjuntura incerta afeta o consumo das famílias, assim como elevado índice de desemprego entre os jovens (14,2% em maio), que Xi definiu como uma prioridade que deve ser combatida.

O presidente chinês menciona com frequência a “prosperidade comum”, uma iniciativa política que pretende reduzir as desigualdades econômicas em um país e contrastes importantes em termos de riqueza.

“Este conceito provavelmente será um grande tema na terceira sessão plenária”, afirmou o sinólogo Charles Parton, do centro de estudos ‘Council on Geostrategy’, com sede em Londres.

“Não é um slogan político vazio, mas precisa de uma definição mais concreta para ser aplicado de verdade”, destacou.

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