SÃO PAULO, 30 NOV (ANSA) – O território brasileiro sediará no próximo ano a 10ª Cúpula do Brics – formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, informou o grupo em comunicado oficial nesta sexta-feira (30), depois de uma reunião entre os cinco líderes em Buenos Aires, cidade que recebe a Cúpula do G20. Durante o encontro, o presidente Michel Temer e os demais líderes demonstraram grande preocupação na maneira que está acontecendo a expansão econômica mundial, ressaltando que pode haver riscos, além de ocorrer o aumento de retração, se o movimento atual não for modificado. Em nota, os representantes dos cinco países alertam que “os impactos negativos das políticas de normalização de algumas das maiores economias avançadas sejam uma importante fonte da volatilidade experimentada recentemente por economias emergentes”.   

Para eles, uma das formas de resolver isso é seguir o caminho “do diálogo e da coordenação de políticas”, mantendo um “espírito de parceria”, tanto no G20, quanto em outros fóruns. Com isso, haverá uma certa prevenção para que potenciais riscos não se espalhem.   

Clima Temer e os líderes de, Rússia, Índia, China e África do Sul assinaram uma declaração em que os países firmam o compromisso da “plena implementação” do Acordo Climático de Paris.   

O comprometimento foi acordado antes do início da cúpula do G20, em Buenos Aires, e ocorre depois do tratado ser alvo de diversas críticas do presidente eleito Jair Bolsonaro, além do Brasil desistir de sediar a COP-25, Conferência da ONU sobre o clima.   

No documento, os líderes dos cinco países também pedem as nações “desenvolvidas a proverem aos países em desenvolvimento apoio financeiro, tecnológico e de capacitação, para aumentar suas capacidades de mitigação e adaptação”.   

Além disso, o grupo reiterou o “compromisso com a implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e com suas metas que devem garantir desenvolvimento sustentável igualitário, inclusivo, aberto e orientado à inovação, em suas três dimensões – econômica, social e ambiental – de uma maneira equilibrada e integrada, com vistas ao objetivo central de erradicar a pobreza até 2030”.   

Terrorismo O terrorismo também foi discutido na reunião. O grupo lamentou os recorrentes ataques, inclusive contra países do Brics. “Condenamos o terrorismo em todas as suas formas e manifestações, independentemente de onde e por quem cometidos”, diz uma nota do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.   

O documento ainda pede reforço para o combate ao terrorismo com uma sólida base jurídica internacional. “Instamos todas as nações a adotarem uma abordagem abrangente no combate ao terrorismo, incluindo todos os elementos enumerados na Declaração de Joanesburgo”, finaliza.   

Protecionismo Durante seu pronunciamento na reunião, Temer ainda defendeu que a Organização Mundial do Comércio (OMC) precisa ser mais atuante e forte contra qualquer tipo de protecionismo. “Individual e conjuntamente levantamos nossas vozes contra o protecionismo e em defesa de um sistema internacional de comércio baseado em regras”, disse.   

Temer reafirmou seu respaldo à “Organização Mundial do Comércio e a seu mecanismo de solução de controvérsias” e disse que os Brics estão “dispostos a dar aporte a debates que tenham lugar na própria Organização Mundial do Comércio sobre o futuro de uma organização” que precisa ser “mais forte e mais atuante”.   

O presidente brasileiro ressaltou que o momento atual é totalmente desafiador, 10 anos depois da crise econômica. “Não são os mesmos desafios, mas são desafios também coletivos, que passam por tendências ao protecionismo, ao isolacionismo e ao unilateralismo e que portanto exigem como antes respostas coletivas”, acrescentou.   

Infraestrutura Por fim, os líderes ainda defenderam a constituição de uma Rede de Proteção Financeira Global forte, com um Fundo Monetário Internacional (FMI) baseado em cotas e com recursos adequados.   

Segundo a nota do Itamaraty, o prazo para as negociações ficou agendado para março e junho de 2019. (ANSA)