ROMA, 30 OUT (ANSA) – Uma pesquisa conduzida pela Universidade de British Columbia, no Canadá, revelou que o cacau começou a ser cultivado 1,4 mil anos antes do que se acreditava. Além disso, o estudo descobriu que os primeiros plantios ocorreram na América do Sul, na Amazônia.   

O trabalho foi publicado nesta segunda-feira (29), na revista “Nature Ecology and Evolution”. Acreditava-se que o cultivo de cacau do gênero Theobroma começara na América Central, cuja população usava as sementes do fruto tanto como moeda de troca quanto no preparo de bebidas consumidas em festas e rituais.   

Esses vestígios, que datavam de 3,9 mil anos atrás, consolidaram a ideia de que o cacau foi cultivado pela primeira vez na América Central. No entanto, dados genéticos revelaram que a maior diversidade do “Theobroma cacao” e de outras espécies pertence, na verdade, à América do Sul equatorial, onde o fruto é importante ainda hoje para as comunidades indígenas.   

Estudando cerâmicas de Santa Ana-La Florida, o mais antigo sítio arqueológico da cultura Mayo-Chincipe, no Equador, os pesquisadores, guiados por Michael Blake, apontaram que essas populações usavam o cacau entre 5,3 mil e 2,1 mil anos atrás.   

Os estudiosos notaram a presença de um amido específico do T.   

cacao, resíduos de theobromina, um alcaloide amargo característico da espécie, e fragmentos do DNA da fruta no interior de objetos de cerâmica. Isso sugere, segundo os pesquisadores, que os mayo-chinchipes teriam iniciado a cultivar o fruto pelo menos 1,4 mil anos antes dos povos centro-americanos. Além disso, alguns objetos do sítio arqueológico ainda apresentam ligações com a costa do Pacífico, o que indica a hipótese de que o comércio na região pode ter iniciado a viagem dessa planta rumo ao norte. (ANSA)