CENTÍMETROS Tubinho de silicone com medicação hormonal: se bem usado não faz mal (Crédito:Celso Pupo)

A vida moderna impõe às mulheres, de forma geral, padrões estéticos de beleza que de uma hora para outra passam a ser perseguidos de forma alucinante. Vale tudo para alcançá-los. Dietas malucas, cirurgias de todos os tipos e em todas as partes do corpo e até a utilização de medicamentos indicados para resolver problemas de ordem médica, passam a ser consumidos como se fossem pílulas mágicas. Mas isso pode ter um preço alto. O procedimento do momento que vem sendo buscado com esse intuito é o chamado chip da beleza. Trata-se de um dispositivo, parecido com uma haste flexível, só que de silicone, que mede quatro centímetros e é implantado embaixo da pele, nas nádegas. A denominação correta é implante hormonal de gestrinona. O produto tem indicações terapêuticas bem definidas e é usado há décadas no tratamento de desequilíbrios hormonais como a endometriose, para amenizar os sintomas da menopausa e pós- menopausa e como anticoncepcional. Isso só é possível porque no interior do bastonete são colocados hormônios sintéticos de diversos tipos, de acordo com a necessidade. A gestrinona é o mais usado.

No organismo essa substância permite que a testosterona, o principal hormônio do gênero masculino, fique em evidencia no corpo. Devido a essa propriedade, algumas mulheres têm buscado os efeitos adversos do implante. Ou seja, além de fazer desaparecer incômodos como cólicas, dores de cabeça e inchaço entre outros desconfortos típicos do período menstrual, o implante pode, em alguns casos, tonificar a musculatura, diminuir as celulites, melhorar a libido e deixar a silhueta semelhante ao formato de um violão, Daí o apelido de chip da beleza. “A gestrinona não deve ser usada para melhorar o desempenho físico e estético”, diz Walter Pace, ginecologista, professor da faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Com mais de 20 anos de experiência com implantes hormonais, Pace sentencia que o produto não é o vilão da história, mas sim a maneira errada de utilizá- lo. “É preciso separar o joio do trigo, se usar corretamente não vai fazer mal”, diz. Para exemplificar, a administradora Andrea Baril, 52 anos, é uma das pessoas que se submeteram ao procedimento e teve êxito. “No meu caso foi feito uma dosagem mínima de hormônio”, diz. Resultado: ela deixou de ingerir anticoncepcionais. Wilson Saback, diretor farmacêutico da Elmeco, empresa idealizadora do implante de gestrinona, afirma que o dispositivo é seguro, mas se usado de forma inadequada pode causar vários efeitos colaterais, como queda de cabelo, acne excessiva, aumento da oleosidade da pele e engrossamento da voz. Por mais tentadora que possa ser a possibilidade de se alcançar o padrão de beleza dos sonhos, o tratamento exige todo cuidado.