Cuca não será técnico do Botafogo nesta reta final de Campeonato Brasileiro. O treinador foi procurado pelo clube de General Severiano e declinou do convite para substituir Lúcio Flávio no comando do líder do torneio nacional.

“O treinador Alexi Stival, o Cuca, foi procurado pelo Botafogo de Futebol e Regatas para assumir o comando técnico da equipe nessa reta final do Campeonato Brasileiro. Cuca se sente honrado com o convite, especialmente por ter partido de um clube onde trabalhou por dois anos, fez muitos amigos e tem grande carinho e identificação. O treinador gostaria muito de ajudar o time nesse momento, mas precisou recusar o convite, porque segue focado em resolver seus problemas pessoais”, informou a assessoria do técnico em nota enviada ao Estadão.

O nome de Cuca passou a ser ventilado nos últimos dias diante da derrocada do Botafogo no Brasileirão. Antes com uma farta vantagem na ponta da tabela, a equipe alvinegra se desmantelou, sofreu viradas épicas diante de Palmeiras e Grêmio e acumula cinco jogos sem vencer. Enquanto não encontra um novo técnico, o Botafogo deve manter Lúcio Flávio no comando do time.

Cuca já passou pelo Botafogo entre 2006 e 2008. Na ocasião, o treinador fez um trabalho elogiado pela forma como o time de apresentava em campo, com um estilo apelidado de “carrossel”. Aquela equipe chegou a liderar o Brasileirão em 2007 (da 6ª à 18ª rodada), mas acabou perdendo o título para o São Paulo e terminando na modesta nona colocação. Um dos expoentes daquela equipe era Lúcio Flávio.

O Botafogo ainda assim sustenta a liderança do Brasileirão, com 59 pontos, os mesmos de Grêmio e Palmeiras, que ficam abaixo por causa dos critérios de desempate. Red Bull Bragantino (58) e Flamengo (56) também aparecem como potenciais candidatos ao título.

Restam seis jogos para o Botafogo no Campeonato Brasileiro. O primeiro deles acontece neste domingo, às 16h, diante do Red Bull Bragantino, no Estádio Nabi Abi Chedid. Depois, o time alvinegro ainda mede forças com Fortaleza (fora), Santos (casa), Coritiba (fora), Cruzeiro (casa) e Internacional (fora).

O último trabalho de Cuca foi no comando do Corinthians em abril. A passagem relâmpago pelo clube do Parque São Jorge durou apenas sete dias. Pressionado pela condenação por um escândalo de abuso sexual cometido contra uma jovem na Suíça em 1987, o técnico decidiu pedir demissão da equipe.

ENTENDA O CASO CUCA

Então meio-campista do Grêmio, Cuca foi detido em 1987 com os também atletas Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi, sob a acusação de “manter atos sexuais” com uma menina de 13 anos em um hotel em Berna, na Suíça.

Os jogadores permaneceram em cárcere por 30 dias. Fernando foi o primeiro a ser liberado, já que a sua participação no ato não foi comprovada. Dois anos mais tarde, Cuca acabou condenado a 15 meses de prisão e ao pagamento de US$ 8 mil. Julgado e condenado, ele não cumpriu pena porque o caso prescreveu. Em matéria publicada à época pelo Estadão, o treinador disse que o episódio o fez adquirir “experiência e maturidade”.

Em depoimentos à época, a vítima narrou ter sido segurada à força pelos quatro jogadores do Grêmio. O processo permanece sob sigilo protegido pela lei de proteção de dados da Suíça. O julgamento foi feito à revelia, em 1989, já que ele e os outros gremistas envolvidos no caso já haviam voltado ao Brasil depois de serem liberados ao fim da fase de instrução no processo.

Em sua coletiva de apresentação no Corinthians, Cuca declarou ser “totalmente inocente” e disse ter “vaga lembrança” do episódio. “Eu estava no Grêmio havia uns 20 dias. Tenho vaga lembrança de tudo o que aconteceu. Na lembrança que tenho, tinha 23 anos, íamos jogar uma partida e pouco antes subiu uma menina para o quarto. O quarto em que eu estava com mais três jogadores era duplo, tinha duas camas. Essa foi minha participação nesse caso”, disse o treinador.

“Sou totalmente inocente, não fiz nada. As pessoas falam que houve um estupro. Eu não fiz nada”, completou o técnico. Ele também alega que a jovem não lhe reconheceu como um de seus agressores. “O mais importante não é a palavra da vítima? Ela falou: ‘Eu não conheço, não vi, não estava’. Foram três vezes. A palavra da mulher era que o Cuca não estava lá. Como posso ser condenado? Pelo quê?”, questionou.