HAVANA, 19 ABR (ANSA) – Os cubanos, que tiveram hoje um dia normal apesar da jornada histórica para o país, reagiram com uma sutil esperança à posse de Miguel Díaz-Canel, 57 anos, como seu novo presidente.   

“Gosto que estejam no governo tanto jovens quanto pessoas mais velhas. Isso facilitará que a experiência ajude a juventude”, afirmou à ANSA o cidadão Enrique García, de 66 anos de idade.   

“Acredito que Díaz-Canel tenha pela frente anos complexos, porque a economia está tensa, e o mundo, especialmente a América Latina, passa por momentos difíceis”, acrescentou.   

Já Nilda Carreño, funcionária estatal de 50 anos, mostrou simpatia pelo novo presidente. “Acho que ele seguirá com as mudanças, me parece um homem capacitado”, declarou. Por sua vez, o estudante universitário Ernesto Hernández, de 19, disse que Díaz-Canel deve “manter uma maneira de governar similar à de até agora”.   

A sessão inaugural da Assembleia Nacional do Poder Popular aprovou o mandato de Díaz-Canel, que completa 58 anos nesta sexta-feira (20), por 603 votos entre 604 possíveis – provavelmente o único a não votar no novo presidente foi ele mesmo, em um Parlamento controlado pelo Partido Comunista de Cuba (PCC).   

Em seu discurso, o mandatário prometeu continuar com os programas de seu antecessor, Raúl Castro, durante os próximos cinco anos. No entanto, o agora ex-presidente seguirá influenciando o governo, já que manterá o cargo de primeiro-secretário do PCC.   

Dissidentes – Em Miami, cidade dos Estados Unidos que abriga uma numerosa dissidência cubana, o sentimento pelo fim da “era Castro” é de cautela e pessimismo. “Tenho muita esperança de que isso passe, mas acho que vão ser necessários cinco ou 10 anos antes que haja muita mudança”, declarou o exilado Héctor Ramos.   

A também exilada Mayleidis Fernández não vê lado positivo na sucessão de Raúl. Para ela, o regime não quer largar o poder e já encaminha a chegada de familiares dos Castro para manter a dinastia. “Essa gente não vai sair, é preciso tirá-las”, reforçou Oreste Andino.   

Tomás Hernández, de 75 anos, se somou ao pessimismo dos exilados ao salientar que Cuba vive uma “pantomima”. “O cubano já se acostumou com o descaro dessa gente. Quando Fidel, que era uma rocha, saiu, dissemos ‘Que bom’. Depois veio Raúl, e agora vem esse rapaz que não sabe nem que coisa é, Miguel Díaz-Canel, e assim sucessivamente. Um dia, até a mãe de Fidel e Raúl vai protestar contra o comunismo”, disse. (ANSA)