O artista cubano Luis Manuel Otero Alcántara, detido em seu país, foi anunciado nesta quinta-feira (19) como o vencedor do Prêmio Rafto de Direitos Humanos “por sua oposição corajosa ao autoritarismo por meio da arte”.

“Otero Alcántara lidera uma nova geração de vozes cubanas independentes que utilizam formas criativas de resistência para desafiar o regime autoritário”, afirmou a Fundação Rafto, que tem sede em Bergen (oeste da Noruega).

“Como muitos artistas antes dele, sua arte e seu posicionamento cívico pressionam os limites da liberdade de expressão diante da censura e da repressão”, acrescentou a fundação.

“Artivista” – combinação das palavras “artista” e “ativista”- autodidata de 36 anos, Luis Manuel Otero Alcántara, que já foi detido em várias ocasiões, está preso atualmente em Cuba.

Considerado um “prisioneiro de consciência” pela Anistia Internacional, ele foi condenado em 2022 a cinco anos de prisão por ofensa aos símbolos nacionais, desacato e perturbação da ordem pública.

O artista foi detido em 11 de julho de 2021, quando saiu de sua casa em Havana para participar nas manifestações em que milhares de cubanos exigiram mais liberdades e melhores condições de vida.

Desde sua detenção, ele iniciou várias greves de fome. A Anistia Internacional e o governo dos Estados Unidos pediram sua libertação.

“O artivismo de Otero Alcántara teve um elevado custo pessoal. Desde 2016, ele foi submetido a interrogatórios, perseguição política e foi detido diversas vezes. Além disso, as suas obras de arte foram confiscadas e destruídas por agentes de segurança do Estado”, destacou a Fundação Rafto.

Para o governo cubano, Otero Alcántara não é um artista, e sim um agente a serviço dos Estados Unidos para desestabilizar o país.

Segundo os dados oficiais, quase 500 cubanos foram condenados a penas que vão até 225 anos de prisão pela participação nas manifestações históricas de 11 e 12 de julho de 2021.

Várias organizações de defesa dos direitos humanos e a embaixada dos Estados Unidos contam até mil “prisioneiros políticos” na ilha.

Criada em 1987, a Fundação Rafto e sua premiação de 20 mil dólares (109 mil reais) levam o nome do historiador e militante dos direitos humanos norueguês Thorolf Rafto, que morreu um ano antes.

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