O governo cubano adiou o aumento de mais de 500% no preço do combustível previsto para amanhã, devido a um “incidente de cibersegurança”, informou nesta quarta-feira (31) uma funcionária, sem apresentar uma nova data para a entrada em vigor da medida.

“Foi tomada a decisão de adiar a implementação de uma decisão de governo vinculada à atualização dos preços dos combustíveis”, disse a vice-primeira-ministra de Economia e Planejamento, Mildrey Granadillo, alegando a ocorrência de “um incidente de cibersegurança nos sistemas de informática cuja origem foi identificada em um vírus do exterior”.

Autoridades haviam anunciado no começo do mês um aumento em 1º de fevereiro, como parte de um conjunto de medidas para tentar reduzir o déficit fiscal, de 18% em 2023.

Esse aumento “tem como objetivo comprar combustível” e “conseguir um abastecimento estável”, explicou no começo do mês o ministro de Minas e Energia, Vicente de la O Levy. No fim de dezembro, o governo havia reconhecido que era insustentável continuar vendendo combustível a preços “subsidiados”.

O litro da gasolina normal passará de 25 pesos cubanos (20 centavos de dólar, ou 97 centavos de real) para 132 pesos (1,10 dólar, ou 5,3 reais), o que equivale a um aumento de 528%. A gasolina especial subirá de 30 pesos (25 centavos de dólar, ou R$ 1,2) para 156 pesos cubanos (1,30 dólar, ou R$ 6,3), o que representa um aumento de 520%.

– Efeito dominó –

Motoristas cubanos aguardavam hoje em filas que se estendiam por quarteirões em postos de gasolina de Havana, na esperança de encher o tanque antes do aumento.

“Vai mudar tudo, porque terei que aumentar meu preço”, disse o trabalhador autônomo Lorenzo Castillo, 57, que esperava na fila. Ele acredita que haverá um efeito dominó: “Se, antes, um táxi me custava mil pesos, agora irá custar 2 mil ou 3 mil, não sei”, comentou, preocupado.

Para Elena Mas, dona de uma empresa de serviços tecnológicos, o aumento terá “um impacto muito severo na população”. Ela reconheceu, no entanto, que o litro de combustível tem um custo atual muito baixo: “Temos que ser realistas”.

Cuba enfrenta uma crise crônica de combustíveis agravada em abril de 2023, quando o governo a atribuiu ao não cumprimento dos compromissos dos países que fornecem petróleo bruto à ilha, devido ao fato de eles enfrentarem “uma situação energética complexa”.

A Venezuela, principal fornecedor de Cuba, entrega à ilha 56 mil barris por dia, enquanto o México e a Rússia ajudaram no último ano a aliviar o déficit cubano.