A Cruz Vermelha fez um chamado nesta sexta-feira (27) para que se aumente o apoio psicológico às equipes de saúde e para o resto das pessoas envolvidas no combate à pandemia do novo coronavírus.

A demanda de apoio psicológico “aumentou consideravelmente”, ressaltou o secretário-geral da Federação Internacional de Sociedades da Cruz Vermelha e da Crescente Vermelha (FICV), Jagan Chapagain.

Em entrevista à AFP, ele declarou que entendia que o apoio em matéria de saúde mental “talvez não seja prioritário” no momento, mas destacou que se trata de um assunto importante que “afeta milhões e milhões de pessoas”.

“Se não prestamos atenção suficiente às necessidades psicológicas e de saúde mental”, muitas pessoas poderão morrer na solidão e no desespero, causas que matam “sem fazer barulho”, declarou.

O presidente da FICR, Francesco Rocca, atualmente na Itália, explicou em uma coletiva de imprensa virtual nesta sexta que “o risco de suicídio aumenta quando as pessoas estão isoladas”.

Atualmente, 3 bilhões de pessoas estão em suas casas como forma de tentar frear a pandemia do novo coronavírus, que já causou mais de 25.000 mortes em todo o mundo desde a sua aparição, no final de dezembro do último ano, na China.

Essa situação aumenta os níveis de depressão, ansiedade e de outros problemas de saúde mental, segundo a Cruz Vermelha. O estresse “também tem um impacto sobre a saúde, sobre as relações sociais”, disse Chapagain, que destacou o risco de que aumentem os casos de violência doméstica.

Os dois indicaram que no momento não possuem estatísticas que provem que os problemas de saúde mental e de suicídios tenham aumentado, mas que isso é o que se deduz a partir das discussões com profissionais da saúde.

Para “as pessoas frágeis, o isolamento tem inúmeras consequências”, disse, ao dar como exemplo o caso de uma enfermeira italiana que tinha se suicidado dias depois de ter sido diagnosticada como positiva para o coronavírus, porque temia ter transmitido a doença para outras pessoas.