18/10/2022 - 15:35
Às vésperas da eleição mais importante do país nas últimas décadas, o (des)governo federal acena com o “benefício” do crédito consignado que em três dias arrebanhou 700 mil pessoas que estavam na situação de “se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come”. Se correr (da “bondade” eleitoreira), o brasileiro mais necessitado segue passando fome; se aceitar, entrega a alma para ser devorada por juros excorchantes e ainda ficará com a dívida exorbitante que, sim — e friamente –, não deixará de ser cobrada depois das eleições.
Quem recebe o Auxílio Brasil pode se render ao empréstimo de até pouco mais de R$ 2 mil, via Caixa Economia Federal e bancos pequenos, com absurdos 50% de juros reais ao ano. Mais que o dobro do que paga um aposentado público. Isso é benefício? Imagine se fosse maldade!
Bancos com apreço pelo nome não aceitaram esse tal serviço sujo que jogará o devedor, vítima de verdadeira expropriação de alma, em um buraco sem fundo. Em janeiro, o Auxílio Brasil cairá de R$ 600 para R$ 405, de acordo com o orçamento que Bolsonaro enviou ao Congresso. Sem contar que o Auxílio Brasil para o ano que vem ainda não tem verba garantida. O programa só tem dinheiro do orçamento até dezembro. Depois, o futuro governo vai ter que arrumar os R$ 50 bilhões necessários para bancar o plano.
E aí? Aí é que já será sentida a primeira mordida do empréstimo, direta e automaticamente que engole esse dinheiro e manda para os cofres dos bancos credores – pequenos, que se apequenaram mais ainda ao entrar nessa jogada de lucro fantástico (para eles) e rápido. Para quem fizer o empréstimo, seguirá a dívida devidamente empurrada com a barriga (vazia).
Indignação total com essa bomba embalada com requintes e apresentada com discursinhos manteigosos, tamanha a crueldade do que é apresentado como um presente. O governo sacode tufos de dinheiro para os desesperados como se nascesse em árvores, pouco se lixando para lastro, planejamento a logo prazo — planejamento… o que é isso?!
Preocupação com os desesperados? Ah, muita… Mas só até o botão ser apertado na urna (eletrônica, sim). Medidas sérias para tirar 33 milhões do mapa da fome, para garantir vida digna a pessoas que acordam sem saber se vão comer alguma coisa no mesmo dia? Nenhuma. Planos sórdidos, só datados pelo governo Bolsonaro: no caso, o prazo é 30 de outubro de 2022.