Com pouco mais de um mês no ar, as plataformas criadas para captar doações voluntárias de eleitores para campanhas políticas ainda apresentam resultados tímidos. Parte da baixa adesão é atribuída ao pouco conhecimento dos candidatos sobre este tipo de mecanismo e porque ainda não foram oficializados os nomes que estarão na disputa eleitoral. Até a atenção dos brasileiros voltada para a Copa do Mundo é apontada como justificativa para os ainda baixos valores.

“São apenas quatro ou cinco entidades se destacando. É imprevisível [como esse mecanismo vai avançar], mas, talvez depois da Copa, com o início efetivo das campanhas, a arrecadação deslanche. É um mercado inicial ainda, e os partidos estão ainda definindo nomes”, avaliou Daniel Callirgos, CEO e fundador da Apoia.org, uma das empresas autorizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para fazer a captação.

O financiamento participativo ganhou força com a minirreforma eleitoral aprovada pelo Congresso Nacional, que proibiu a doação de empresas para candidatos. O TSE regulamentou a novidade, abrindo a possibilidade de os pré-candidatos lançarem páginas na internet para receber recursos de pessoas físicas. Para participar, o cidadão usa uma dessas empresas cadastradas pela Justiça Eleitoral, que oferecem meios como boleto, cartão de crédito ou até mesmo a possibilidade de doar em dinheiro em espécie, com diferentes taxas cobradas pelos serviços

A empresa de Callirgos é uma das que têm reunido o maior número de doações voluntárias de pessoas físicas desde que o TSE autorizou a divulgação do financiamento coletivo de campanha, conhecido como crowdfunding eleitoral, no dia 15 de maio. Até o início da semana, a plataforma reunia 256 pré-candidatos e captação de R$ 416.957,65.

Baixa procura

Ao todo, 45 empresas já têm autorização do TSE para arrecadar, por meio do crowdfunding, recursos para financiamento coletivo de campanha. No entanto, nem todas deram início à arrecadação.

Responsável por mais de 60% das campanhas até o momento, a plataforma Doação Legal, que integra as startups de serviços financeiros Vakinha e OKPago, arrecadou R$ 616 mil, tendo como valor médio R$ 170 por doação. Há pré-candidatos que já acumulam mais de R$ 10 mil em doações, segundo a empresa. Até 15 de junho, a plataforma tinha 868 pré-candidatos com contas ativas, mas apenas 150 estavam efetivamente arrecadando. Entre as que estão em atividade, 420 ainda não tinham arrecadado qualquer valor.

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Com 16 pré-candidatos cadastrados, a Doejá ainda não iniciou o financiamento. Sócio da plataforma, o advogado Álvaro Maimoni explicou que ainda estão conversando com os políticos. “Com a oficialização das candidaturas, o financiamento vai ganhar corpo. O que vai importar não é o valor doado, mas o volume de doações”, apostou. Para ele, essa é uma ferramenta que aproxima o eleitor de seu candidato.

Até a penúltima semana de junho, a Fundii, com 122 campanhas cadastradas, havia recebido 26 doações com um total de R$ 27.869,90. A plataforma Política Coletiva, da empresa Aparece Brasil, conta com 15 pré-candidatos ativos, mas nem todos iniciaram a campanha, e a arrecadação atingiu até o momento R$ 7.344,00. Outras plataformas não responderam ao levantamento.

Procurada pela Agência Brasil, a assessoria do TSE não informou dados consolidados das entidades, como valores doados e número de pré-candidatos que já aderiram ao novo tipo de financiamento.


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