Seguem as datas marcantes do escândalo de doping e corrupção que culminou com o banimento do atletismo russo dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, após o Tribunal Arbitral do Esporte rejeitar, nesta quinta-feira, o recurso contra a suspensão do país das competições internacionais da modalidade.

DEZEMBRO DE 2014

3: “Dossiê secreto sobre doping: como a Rússia fabrica seus vencedores”: este documentário do canal público alemão ARD revela um esquema de doping sistemático acobertado pelas autoridades russas.

5: O Comitê Internacional Olímpico (COI) anuncia a abertura de uma investigação.

11: Dois membros da Federação Internacional da Atletismo (IAAF) investigados por corrupção renunciam aos cargos. São eles Valentin Balakhnichevm presidente da federação russa e tesoureiro da IAAF, e Papa Massata Diack, consultor de marketing da IAAF e filho do então presidente da entidade, Lamine Diack.

16: A Agência Mundial Antidoping (Wada) estabelece uma comissão de investigação independente para avaliar as acusações do canal ARD. A comissão é presidida pelo canadense Dick Pound, ex-presidente e fundador da Wada.

AGOSTO DE 2015

1: Às vésperas do Mundial de atletismo de Pequim, a ARD coloca no ar outro documentário: “Doping: o mundo opaco do atletismo”, com novas acusações, não apenas contra a Rússia, mas também contra o Quênia. O canal alemão e o jornal britânico The Sunday Times citam listas de atletas suspeitos, em cerca de 5.000 de 12.000 amostras colhidas em medalhistas das últimas edições dos Mundiais e das Olimpíadas.

19: O britânico Sebastian Coe, bicampeão olímpico dos 1.500 m de 1980 e 1984 e principal responsável pela organização dos Jogos de Londres-2012, é eleito presidente da IAAF, sucedendo a Lamine Diack, no cargo há 12 anos.

NOVEMBRO DE 2015

7: Dois dias antes da publicação do relatório da comissão de investigação independente da Wada, um dos autores já avisa à AFP que as revelações “vão abalar o esporte”.

8: Coe declara à AFP que está “chocado, irritado e profundamente triste” com as revelações às quais teve acesso.

9: A Wada divulga as primeiras conclusões do relatório, com duras acusações de “doping organizado” na Rússia, com envolvimento dos mais altos escalões do Estado, inclusive dos serviços secretos. Os casos de doping “não poderiam ter existido” sem o consentimento do governo, sentencia a comissão, que pede uma medida drástica: a suspensão do atletismo russo de todas as competições internacionais, inclusive os Jogos do Rio.

11: Em Sochi, o presidente russo Vladimir Poutin tentar colocar panos quentes, garantindo total colaboração das autoridades do país e pedindo uma investigação interna. O chefe de estado também deixa claro que as sanções precisam ser individuais e não coletivas.

13: O Conselho da IAAF suspende de forma provisória a Federação Russa de Atletismo (ARAF), abrindo o caminho para a possível ausência do país das provas da modalidade nos Jogos.

26: A ARAF desiste de recorrer e aceita a suspensão da IAAF.

JANEIRO DE 2016

14: A Wada torna pública a segunda parte do relatório da comissão de investigação, que destaca a responsabilidade de IAAF, cujos dirigentes “não poderiam ignorar a importância do doping no atletismo”.

MARÇO DE 2016

6: A ARD coloca no ar outro documentário no qual revela que a Rússia continua desrespeitando as regras da luta contra o doping.

7: A tenista russa Maria Sharapova anuncia que foi flagrada por uso de Meldonium, substância destinada a tratar casos de diabetes e arritmia cardíaca vendida apenas no leste europeu, que passou a integrar a lista da Wada apenas em janeiro. Cerca de 200 atletas, a maioria russos, também testaram positivo por uso desse produto.

11: O Conselho da IAAF, reunido em Mônaco, mantém a suspensão da Federação russa, embora reconheça “esforços consideráveis” realizados pelo país desde novembro. A decisão final sobre a participação ou não dos atletas do país aos Jogos é marcada para o mês de junho.

MAIO DE 2016

12: O ex-diretor do laboratório antidoping de Moscou, Grigory Rodchenkov, exilado nos Estados Unidos por motivos de segurança, revela ao New York Times que os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi-2014 foram manchados por um escândalo de doping em grande escala. Rodchenkov acusa os serviços secretos de ter trocado amostras suspeitas e afirma que ao menos 15 medalhistas russos nesses Jogos eram dopados.

JUNHO DE 2016

8: Um novo documentário da ARD, o quarto do canal sobre o tema, acusa diretamente o ministro dos Esportes da Rússia, Vitali Mutko, de ter acobertado um caso de doping no futebol do país, em 2014.

17: Reunido em Viena, o Conselho da IAAF mantém a suspensão da federação russa, mas abre uma brecha para que atletas ‘limpos’ participem dos Jogos, caso preencham critérios muito rigorosos.

21: O Comitê Olímpico Internacional (COI) decide que atletas russos repescados pela IAAF poderão competir nos Jogos usando a bandeira do próprio país, já que o Comitê Olímpico russo não está suspenso como um todo. A IAAF tinha pedido que competissem como neutros, sob bandeira olímpica.

JULHO DE 2016

1º: A meio-fundista Yulia Stepanova, que revelou o esquema de doping russo à ARD e está refugiada nos Estados Unidos, é declarada eligível pela IAAF para disputar os Jogos do Rio.

Já Anna Chicherova, atual campeã olímpica do salto em altura, testa positivo em nova análise de amostra coletada nos Jogos de Pequim-2008 e é suspensa pela IAAF.

4: 68 atletas russos recorrem diante do TAS para tentar derrubar a suspensão da IAAF. O tribunal anuncia que sua decisão sairá até o dia 21 de julho.

10: A saltadora em distância Darya Klishina é repescada pela IAAF por treinar na Flórida, sendo submetida assim a exames mais rigorosos do que na Rússia.

18: O relatório McLaren, divulgado a pedido da Wada, denuncia um “sistema de doping de Estado” que atinge 30 esportes na Rússia, de 2011 a 2015, com ajuda dos serviços secretos do país, principalmente nos Jogos de Sochi e no Mundial de Atletismo de Moscou-2013.

19: A comissão executiva do COI anuncia que vai “explorar todas as opções jurídicas”, entre exclusão coletiva de todos os esportistas russos e “direito à justiça individual”. Concretamente, o COI explica que “a admissão de cada atleta russo terá que ser decidida pela federação internacional do seu esporte, com base na análise individual dos exames antidoping aos quais foi submetido a nível internacional”.

20: O COI anuncia um prazo de sete dias para tomar uma decisão final sobre a exclusão ou não da Rússia como um todo. A ideia é esperar a decisão do TAS, prevista para o dia seguinte.

21: O TAS rejeita o recurso contra a suspensão da IAAF, tirando definitivamente o atletismo russo dos Jogos do Rio.