O Exército turco conduz desde 20 de janeiro uma ofensiva no norte da Síria contra uma milícia curda, as Unidades de Proteção do Povo (YPG), consideradas como “terroristas” pela Turquia, mas aliadas dos Estados Unidos na luta contra os extremistas islâmicos.

A ofensiva foi lançada depois que a coalizão internacional liderada por Washington anunciou a criação de uma “força da fronteira” composta principalmente de combatentes curdos, um projeto que irritou Ancara.

Veja a cronologia da operação turca:

– Ramo de oliveira –

Em 20 de janeiro, a Turquia lança uma ofensiva terrestre e aérea chamada ‘Ramo de Oliveira’ contra as YPG na região de Afrin.

Ancara considera essa milícia como sendo a facção síria do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), contra quem trava uma guerra no sudeste da Turquia há mais de 30 anos.

Damasco condena “a brutal agressão da Turquia”, enquanto a Rússia se declara “preocupada”.

A milícia curda declara que “considerará a Rússia responsável por esses ataques no mesmo nível que a Turquia”.

– “Legítimas” –

Em 21 de janeiro, tanques e militares turcos entram na região de Afrin. O primeiro-ministro turco diz que o objetivo é estabelecer uma “zona de segurança” de 30 km a partir da fronteira.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos solicita “moderação” da Turquia. Mas o secretário de Defesa, Jim Mattis, diz que Ancara alertou Washington antes de iniciar sua operação e acredita que as preocupações da Turquia com sua segurança são “legítimas”.

– Acordo com a Rússia –

“A questão de Afrin será resolvida, não haverá volta […] Falamos com nossos amigos russos, temos um acordo”, declara o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

As Forças Democráticas Sírias (FDS), uma coalizão curdo-árabe composta principalmente de membros das YPG, pede à coalizão internacional que “assuma suas responsabilidades”.

Em 23 de janeiro, as autoridades curdas pedem uma “mobilização geral”.

Há confrontos entre as forças turcas e combatentes curdos, com ataques aéreos de Ancara.

– Rusgas entre Washington e Ancara –

O presidente dos EUA, Donald Trump, “exorta a Turquia a reduzir e limitar as ações militares” e pede ao seu homólogo turco para evitar “ações que possam gerar conflitos entre forças turcas e americanas”, de acordo com a Casa Branca.

Em 25 de janeiro, fontes oficiais turcas contestam esta versão: “O presidente Trump não expressou preocupação com uma escalada de violência” em Afrin.

No dia 26, Erdogan ameaça expandir a ofensiva: “Vamos limpar Manbij dos terroristas […]”. Um dia depois, a Turquia pede aos Estados Unidos que retirem seus militares implantados em Manbij, outra cidade no norte da Síria.

Em 16 de fevereiro, os Estados Unidos e a Turquia concordam em trabalhar “juntos” na busca de uma solução para Manbij “como uma prioridade”.

– Exército turco entra em Afrin –

Nos dias 20 e 21 de fevereiro, as forças leais ao regime sírio são implantadas no enclave curdo.

A Turquia afirma que qualquer grupo que ajudar as YPG será considerado um “alvo legítimo”.

No dia 26, mobiliza unidades das forças especiais da polícia.

Em 8 de março, as forças turcas e os grupos rebeldes pró-Ancara assumem o controle da cidade de Khandairis.

Uma vez Afrin “limpa dos terroristas, também limparemos Manbij, Ain al Arab [nome árabe de Kobane], Tal Abyad, Ras al Ain e Qamichli”, declara o presidente turco.

Afrin é cercada, exceto por um corredor usado por civis para fugir.

De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), mais de 200 mil civis fugiram da cidade entre 14 e 17 de março.

Neste domingo, 18 de março, as forças turcas e seus aliados sírios entram em Afrin.

Mais de 1.500 combatentes curdos foram mortos em dois meses de ofensiva, de acordo com o OSDH.

O presidente turco afirma que os combatentes sírios apoiados por Ankcra têm controle “total” da cidade de Afrin.