Hillary Clinton chegou no domingo (7) à sua casa de Chappaqua, perto de Nova York, antes da meia-noite. Na hora prevista.

Naquele mesmo momento, os motores do Boeing 757 de Donald Trump rugiam no céu rumo à Virgínia, aonde chegava com duas horas e meia de atraso para realizar seu quinto e último comício do dia.

Esta é a imagem do final de uma campanha presidencial americana exaustiva e interminável, às vésperas da eleição, que acontece nesta terça-feira (8), entre uma candidata experiente, que não gosta de surpresas e que estuda todos seus movimentos, e um desafiador, que acelera o maquinário eleitoral para terminar essa corrida a toda vela.

Hillary ainda deve percorrer cerca de 3.300 km para bater sua meta: um último dia de campanha para convencer os indecisos.

Comício à meia-noite

Nesta segunda, a democrata visita quatro cidades do nordeste do país, em uma acirrada reta final, como revelam as pesquisas.

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Primeiramente, Pittsburgh, bastião dos democratas na Pensilvânia. Depois, Grand Rapids, no Michigan, onde Trump se tornou uma ameaça real. Em seguida, desloca-se para a Filadélfia, onde acontece um dos mais importantes comícios de sua campanha, junto com Barack e Michelle Obama, assim como seu marido, Bill.

A longa jornada termina à meia-noite em Raleigh, na Carolina do Norte, antes de voltar para Nova York.

“Estamos pondo todo nosso coração no sprint final!”, gritou para seus eleitores, no sábado à noite, na Filadélfia, durante um show oferecido por Katy Perry, uma das celebridades que mais apoiaram a democrata.

“Precisamos da ajuda de vocês!”, convocou.

Nessas intensas horas de viagens, reuniões, comícios e encontros com eleitores, segue lotado o Boeing 737 da candidata democrata, decorado com um “H” gigante e o slogan “Stronger Together” (Mais fortes juntos).

Hillary sempre se coloca na parte dianteira de seu círculo mais próximo, composto entre outros nomes por sua confidente Cheryl Mills e por Philippe Reines, o homem que interpretou Trump na preparação para os debates. Ninguém a vê, já que uma cortina a protege.

Seus assessores se acomodam atrás, na cabine ocupada pela imprensa. A chefe de sua equipe de Comunicação, Jennifer Palmieri, é a primeira a celebrar, em pleno voo, o esclarecimento do diretor do FBI de que não apresentará acusações formais contra a ex-secretária pelo caso dos e-mails. Uma boa notícia.

Decoração

Nas últimas 72 horas, colaboradores, pessoal de segurança e repórteres percorreram o país de ponta a ponta, transitando por todo tipo de clima, paisagem e símbolos dos EUA: das torres da Filadélfia, às pontes de aço de Pittsburgh, passando pelas palmeiras de Miami e pelo estádio de futebol americano de Cleveland.

Como sua audiência não pode se comparar às massas mobilizadas por Trump, sua equipe se encarrega de cuidar até do último detalhe da decoração dos comícios para criar eventos telegênicos.

O republicano sabe improvisar como ninguém comícios em centros esportivos com capacidade para 10.000 pessoas, ou em hangares de aeroportos. Hillary se move melhor em espaços menores, como o evento realizado para cerca de 4.000 simpatizantes, na última sexta (4), em Detroit.


“Tenho medo das represálias dos partidários de Trump. São ignorantes, não sabem como funciona a política”, diz a atriz Tina Gloss, de 47, angustiada, durante o ato em Detroit.

Debaixo da chuva de Miami, Rol Sears também não escondeu seu nervosismo, mas prefere não entrar em pânico.

“Se Trump ganhar, o que eu posso fazer? Não vou me desesperar”, afirmou.

Fortaleza

Sempre que entra em um café, a candidata democrata repete a mesma coisa, como um mantra: “preciso de suas orações”, “vão votar, preciso de vocês”.

Depois de analisar e criticar, por semanas, o passado e o caráter de seu adversário republicano, a ex-secretária de Estado preferiu ser positiva no encerramento daquela que pode ser a última campanha eleitoral de sua vida.

No domingo, ela fez um paralelismo entre as ideias dos Pais Fundadores e os mandamentos de Cristo em uma igreja de fiéis da comunidade negra na Filadélfia.

Depois, em Manchester (New Hampshire, nordeste), retomou o tom patriótico de seu discurso de posse celebrado em julho.

“Nosso país enfrenta um momento decisivo”, ressaltou.

“Devem votar, não contem com a sorte, não contem com os demais, usem sua voz e seu voto!”, exclamou, colocando-se como protetora da Constituição.

“Viram os três debates?”, pergunta ao público.

“Passei quatro horas e meia ao lado de Donald Trump demonstrando mais de uma vez que tenho a força para ser presidente!”, frisou.



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