Crônica: Apresentação de Shakira em SP remete a momento nostálgico da infância

Samirah Fakhouri/São Paulo FC
Shakira em ação durante seu show em SP Foto: Samirah Fakhouri/São Paulo FC

Nem a chuva, nem o atraso de 50 minutos impediram Shakira de entregar um espetáculo na noite desta quinta-feira, 13, em São Paulo. Com o Morumbis lotado por mais de 67 mil pessoas, a cantora colombiana mostrou por que ‘Las Mujeres Ya No Lloran’ é a turnê mais pessoal de sua carreira.

O início da apresentação estava marcado para as 21h, mas só aconteceu por volta das 21h50. A forte chuva que atingiu a capital paulista atrasou a chegada de parte do público e causou problemas técnicos no palco. “Obrigada pela espera e pela paciência. Esta noite, com a chuva, tivemos algumas dificuldades técnicas”, justificou a cantora.

Esta é a quarta passagem dela pelo País. Anteriormente, ela veio ao Brasil em 1996, 2005, 2011 e, por último, em 2018. Agora, a turnê segue pela América Latina, passando por Peru, Colômbia, Chile, Argentina e México.

Mesmo com o atraso, os fãs seguiram empolgados. Muitos estavam na fila desde o dia anterior, como Anthony e seu primo, que viajaram de Santa Catarina e foram os primeiros a chegar. “Quando chegamos, começamos a organizar a fila”, contam, rindo.

Crônica: Apresentação de Shakira em SP remete a momento nostálgico da infância

Fã em show de Shakira – Foto: Samirah Fakhouri/São Paulo FC

Transformação de divórcio em arte 

A estreia brasileira da turnê mundial, que começou na terça-feira, 11, no Rio de Janeiro e seguiu para o segundo show em São Paulo, reforça ainda mais a nova fase da artista. Shakira transformou o divórcio com Gerard Piqué em um show de superação e amor-próprio.

“É um prazer e um sonho começar minha turnê aqui no Brasil. Como artista, tenho muita sorte! Muito obrigada por tudo!”, diz a artista.

Desde a primeira música, Shakira deixou claro que não economizaria nas indiretas ao ex. O show abriu com La Fuerte, faixa do novo álbum, e a multidão reagiu imediatamente quando ela cantou: “Apaguei seu número, mas pra quê, se já sei de cor?”.

Pouco depois, antes de Don’t Bother, a cantora disse: “Nos últimos anos, tive alguns desafios, né? Mas aprendi que as quedas não são o fim, e sim o início de um voo mais alto”.

A cada frase, o público respondia, com direito a gritos nada amigáveis contra o ex-jogador de futebol. O mesmo já havia acontecido no Rio de Janeiro.

A questão figurino também chamou atenção. Ao longo da noite, Shakira trocou de look várias vezes – cerca de sete – que representavam diferentes fases de sua carreira.

Uma verdadeira volta no tempo

Shakira lançou Laundry Service, seu primeiro álbum em inglês em 2001, alcançando um sucesso estrondoso. Faixas como Whenever, Wherever, Underneath Your Clothes e Objection (Tango) rapidamente conquistaram as paradas musicais pelo mundo. Com uma mistura de pop, rock e influências latinas, o trabalho abriu portas para sua carreira internacional.

“Lembro de assistir aos clipes com minha mãe, tentando imitar os passos de dança do ventre, aquele gingado único e a forte identificação com os nossos próprios ritmos brasileiros”. 

Durante o show em São Paulo, o telão exibiu imagens que contavam a trajetória da artista. Em um dos vídeos, uma lágrima de Shakira gerada por IA se transforma em um diamante, que reaparece em momentos diferentes da apresentação.

Já em Pies Descalzos, vemos várias versões da cantora ao longo dos anos – em entrevistas, em shows e na infância. Desde pequena, Shakira demonstrava interesse pela música e compôs suas primeiras canções aos 13 anos.

E quem se lembra do momento real de loba? Em 2009, Shakira lançou She Wolf, um álbum mais eletrônico e dançante, com músicas como She Wolf, Did It Again e Gypsy. “Esse é um verdadeiro encontro de uma lobinha com sua alcateia”, disse Shakira em português, arrancando gritos da plateia.

Solteira, feliz e sem rótulos

Antes de cantar Soltera, pop tropical que celebra a liberdade, Shakira aproveitou para questionar os estigmas sociais: “Lembro que, quando eu era criança, diziam que um homem solteiro aos 40 anos era um solteiro de ouro. Mas para a mulher, não é assim, né? Eu não concordo. Você pode ser feliz casada ou solteira, desde que seja livre.”

Com misturas de pop, reggaeton, bachata e afrobeats, Shakira mostra por que é um ícone global e uma das maiores responsáveis por abrir espaço para artistas latinos no cenário internacional. Desde Laundry Service (2001), quando quebrou barreiras com um modelo bilíngue até então dominado pelo inglês, a colombiana pavimentou o caminho para nomes como Bad Bunny, Rosalía, Karol G e Anitta.

Entre os fãs, Gaby Pereti resumiu a performance da artista: “Ela entrega! A voz é exatamente como o Spotify. Isso só mostra que quem sabe faz ao vivo né? Dançou, cantou e entregou o que esperávamos.”

No entanto, os primeiros shows da turnê Las Mujeres Ya No Lloran no Brasil revelaram que, apesar do apoio ao novo projeto, o público ainda prefere reviver os clássicos.

Os fãs cantaram em coro BZRP Music Sessions #53, mas vibraram com ainda mais força nos grandes hits da artista, como Hips Don’t Lie, Whenever, Wherever, Waka Waka (This Time for Africa) e She Wolf.

Confira o setlist completo do show de Shakira em SP:

  • La Fuerte
  • Girl Like Me
  • Las de la Intuición / Estoy Aquí
  • Empire / Inevitable
  • Te Felicito / TQG
  • Acróstico
  • Copa Vacía / La Bicicleta / La Tortura
  • Hips Don’t Lie
  • Chantaje
  • Monotonía
  • Addicted to You
  • Loca
  • Soltera
  • Cómo Dónde y Cuándo
  • Última
  • Ojos Así
  • Pies Descalzos, Sueños Blancos
  • Mama África (Chico César cover)
  • Antología
  • Poem to a Horse
  • Objection (Tango)
  • Whenever, Wherever
  • Waka Waka (This Time for Africa)
  • She Wolf
  • BZRP Music Sessions #53 (Bizarrap & Shakira cover)