Críticos do assédio de peemedebistas a nomes do PSB com os quais negociavam filiação, integrantes da cúpula do DEM passaram a convidar políticos do PMDB para ingressar na legenda. Nos últimos meses, democratas sondaram pelo menos dois deputados do partido do presidente Michel Temer.

Um dos convidados foi o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG). O mineiro foi sondado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), principal porta-voz das críticas do DEM ao assédio dos peemedebistas ao PSB.

Segundo Pacheco, o convite foi feito há cerca de um mês. Ou seja, antes de a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar a segunda denúncia contra Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) por organização criminosa.

“Senti-me honrado. Mas pretendo, a princípio, ficar no PMDB e unificar o partido em Minas em torno de uma candidatura própria, com apoio de vários partidos”, disse ao Broadcast Político, serviço de informação em tempo real do Grupo Estado, o presidente da CCJ, que tenta se viabilizar como candidato ao governo de Minas Gerais em 2018.

Outro peemedebista sondado pelo DEM foi o ministro do Turismo, o deputado licenciado Marx Beltrão. A sondagem foi feita por deputados federais do DEM. O prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, o ACM Neto, também teria conversado com o ministro.

Nas eleições de 2018, Beltrão quer tentar uma vaga no Senado por Alagoas. Hoje, ele é aliado do grupo do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e do filho dele, o governador Renan Filho, que disputarão reeleição para seus respectivos cargos no próximo ano. No Estado, o DEM não tem nenhum senador ou deputado.

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Beltrão também recebeu convites de PSD, PSC, SD e PRB. Hoje, o compromisso dele é se filiar ao PSD, do ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações). Em Alagoas, o PSD é controlado desde o início do ano pelo irmão de Marx, Maykon Beltrão. O ministro nega que esteja de saída do PMDB.

Além de Pacheco e Marx, o DEM já tinha convidado o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), para se filiar à legenda. O convite foi feito pessoalmente pelo presidente da Câmara durante encontro com o peemedebista.

Diálogo

O presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), disse que os convites não passaram por ele. “Pode ser que integrantes do partido tenham convidado. Mas não passou por mim. Mas são figuras de muito boa qualidade e que seriam todos muito bem-vindos”, declarou à reportagem.

“Houve diálogo para entender a situação deles”, disse ao Broadcast Político o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB). Em setembro, o parlamentar paraibano afirmou que o DEM revidaria o assédio do PMDB a políticos do PSB com os quais a sigla negociava filiação. “Vai ter troco”, disse, na época.

Facada

Procurado, Maia não se pronunciou até a publicação desta reportagem. Em setembro, ele disparou publicamente duras críticas contra Temer e integrantes da cúpula do PMDB, em razão do assédio de peemedebistas a deputados do PSB que negociam migração para o DEM. Segundo ele, a atitude era uma “facada nas costas”.

“Isso é muito grave. A gente não pode ficar levando facada nas costas do PMDB, principalmente de ministros do Palácio e do presidente do PMDB”, declarou o presidente da Câmara em 20 de setembro. Ele afirmou que a atitude tinha causado “muito desconforto” na bancada.

As críticas aconteceram após a filiação do senador Fernando Bezerra (PE) ao PMDB. O parlamentar, que era do PSB, vinha negociando filiação ao DEM. Para Maia, a presença dos ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha no ato de filiação de Bezerra mostrou a “digital” do governo no assédio ao PSB.


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