Criticado em shows, Justin Timberlake revela doença de Lyme; especialistas explicam

Cantor foi apontado como 'exausto' em cima do palco nas últimas apresentações; enfermidade é causada por carrapato mais encontrado nos Estados Unidos e Europa

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Justin Timberlake Foto: Reprodução/Instagram

Justin Timberlake, 44 anos, usou o seu perfil no Instagram na última quinta-feira, 31, para contar aos fãs que foi diagnosticado com doença de Lyme, um dia após ser alvo de críticas por parte dos fãs que assistiram aos seus shows da turnê “Forget Tomorrow”, que acabou nesta semana.

Em um longo texto, o cantor disse que “batalhou com problemas de saúde” durante este período.

“Conviver com isso pode ser extremamente debilitante, tanto mental quanto fisicamente. Quando recebi o diagnóstico, fiquei chocado, com certeza. Mas, pelo menos, eu conseguia entender por que eu estava no palco com uma dor enorme nos nervos ou simplesmente sentindo uma fadiga ou enjoo insanos”, escreveu.

De acordo com o músico, ele cogitou parar a turnê após o diagnóstico. “Decidi que a alegria que me apresentar me traz supera em muito o estresse passageiro que meu corpo estava sentindo. Estou muito feliz por ter continuado”, completou ele.

Veja o post de Justin Timberlake abaixo:

Críticas

Na última quarta-feira, 30, um dia antes do anúncio de seu problema de saúde, Timberlake foi criticado pelo público que comprou ingressos para assistir ao seu show na Romênia.

O artista, que costumam se apresentar de forma performática, com muito agito no palco, se mostrou desanimado.

Segundo a imprensa internacional, Justin foi apontado como “estranho” e “exausto”, além de pedir para o público cantar todo o tempo e não fazer seus famosos passos coreografados.

Assista a seguir:

Letícia Jacome, clinica médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, e Fernando Gomes, neurocirurgião, neurocientista e professor da Faculdade de Medicina da USP, explicaram à IstoÉ Gente o que é doença de Lyme, quais as causas e tratamentos.

O que é doença de Lyme

A doença de Lyme é uma infecção causada pela bactéria Borrelia burgdorferi. Ela é transmitida pela picada de carrapatos, conhecidos como carrapatos de patas pretas.

O bicho transmissor da doença de Lyme é mais comum nos Estados Unidos e na Europa, porque é típico de áreas de clima temperado, úmido, com vegetação densa e, principalmente, de animais como cervos e roedores.

No Brasil, não há carrapatos que transmitem a doença de Lyme. Os carrapatos aqui podem transmitir outras doenças, como a febre maculosa, mas não a forma clássica da doença de Lyme.

Sintomas

O sintoma inicial mais comum é uma mancha vermelha na pele, que tende a se expandir em forma de anel, chamada de eritema migratório. No entanto, não é necessário apresentar essa lesão para se fazer o diagnóstico, o que pode dificultar a identificação da doença.

A transmissão ocorre quando o carrapato permanece preso à pele por várias horas, geralmente mais de 24 horas, permitindo a passagem da bactéria para a corrente sanguínea. Após a picada, a bactéria se espalha pelo organismo, afetando a pele, articulações, sistema nervoso e, em casos mais avançados, o coração.

Tratamento

O tratamento é feito com antibióticos, como a doxiciclina ou a amoxicilina. Ele é mais eficaz quando iniciado precocemente, nas primeiras 24 horas, evitando complicações tardias, como a artrite crônica, problemas cardíacos ou neurológicos.

Risco de morte

É importante destacar que, em alguns casos, os pacientes podem continuar a apresentar sintomas após o tratamento, fenômeno conhecido como Síndrome Pós-Tratamento da Doença de Lyme, que requer uma abordagem diferente.

Se a doenças estiver em forma típica e tratada adequadamente, não é considerada letal.

Porém, se não tratada, pode levar a complicações sérias, como meningite, encefalite, arritmias cardíacas e artrite persistente, que podem afetar significativamente a qualidade de vida.

As complicações mais severas, embora raras, podem, sim, representar riscos à saúde e por isso merecem atenção médica imediata.

Prevenção

A prevenção baseia-se em evitar a exposição aos carrapatos, utilizando roupas que cubram braços e pernas em áreas de mata, fazendo uso de repelente adequado e realizando inspeção cuidadosa do corpo após atividades ao ar livre, removendo rapidamente qualquer carrapato.

Quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, melhor será o prognóstico e menor o risco de sequelas.

 

Referências Bibliográficas

Letícia Jacome, clinica médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (CRM:208780 | RQE:110874)

Fernando Gomes, neurocirurgião, neurocientista e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da USP (CRM - SP 90797 | RQE nº 44986)