A companhia de seguros britânica Lloyd’s of London, uma das instituições mais antigas do centro financeiro londrino, anunciou que quer empregar dezenas de milhares de libras na luta contra as desigualdades raciais, depois que uma pesquisa apontou seu “importante papel” no tráfico transatlântico de escravizados.

O anúncio “responde a uma pesquisa realizada pela Black Beyond Data, com sede na Universidade (americana) Johns Hopkins”, que “mostra claramente que a Lloyd’s (…) exerceu um papel importante no tráfico e na economia escravagista transatlântica”, segundo um comunicado divulgado nesta quarta-feira (8).

Símbolo da City de Londres, o grupo, fundado no século XVII, é uma das instituições mais antigas desse centro financeiro.

A companhia “fazia parte de uma sofisticada rede de interesses financeiros que tornaram essas atividades possíveis”, acrescentou em seu comunicado a Lloyd’s of London, que já havia pedido perdão em 2020 por um período “horrível e vergonhoso”.

Nesta quarta, a Lloyd’s publicou o “Inclusive Futures”, um programa que “inclui uma série de intervenções que englobam a contratação, a pesquisa, o investimento, as doações de caridade (…) que compreenderão a próxima década e além”, em medidas destinadas a reduzir as desigualdades raciais.

O grupo prevê investir, nesse contexto, um total de 52 milhões de libras (64 milhões de dólares ou 312 milhões de reais, na cotação atual), confirmou um porta-voz à AFP.

Mas essa quantia não é “nada de nada” e parece “uma operação de comunicação”, denunciou Kehinde Andrews, professor especializado em questões relativas à diáspora africana da Universidade de Birmingham, à imprensa britânica, lamentando, em particular, a ausência de reparações diretas.

“Sabemos que não podemos apagar o passado. Mas podemos fazer algo para combater as desigualdades que vemos hoje”, argumentou Mark Lomas, gerente da Lloyd’s, citado no comunicado do grupo.

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