Cristina Kirchner poderá cumprir sua pena de seis anos de prisão em seu apartamento em Buenos Aires, autorizou nesta terça-feira (17) a Justiça argentina, uma semana após a ratificação da sua condenação por corrupção, e em meio a manifestações de apoio à ex-presidente.
O tribunal determinou a prisão de Cristina, 72, a partir de hoje, “na modalidade de prisão domiciliar” em seu apartamento em Buenos Aires. Também ordenou que ela use “um dispositivo de vigilância eletrônica”.
A ex-presidente e ex-vice-presidente foi condenada por gestão fraudulenta de contratos de obras públicas na província de Santa Cruz, em uma decisão judicial confirmada na última terça-feira pela Suprema Corte. Cristina acusou os juízes de parcialidade, e os membros da Suprema Corte de serem “fantoches” do poder econômico.
Cristina poderá receber visitas de familiares, advogados e médicos, mas terá que solicitar autorização da Justiça para receber outras pessoas. Em frente à sua residência, no bairro Constitución, a presença de apoiadores é constante há uma semana. As paredes do prédio exibem cartas e mensagens de apoio à ex-presidente.
“É um momento muito importante, muito triste, doloroso. É uma forma de abraçá-la à distância e de fazê-la saber que não está sozinha”, disse à AFP Huara Gatti, 33, funcionária da área de Cultura da prefeitura de Rosario, que viajou 340 km.
“Alivia um pouco que ela possa estar em casa. Além disso, é um bairro chamado Constitución. É simbólico”, comentou o músico Francisco Ratti, 29.
Motoristas buzinam em sinal de solidariedade, mas há quem grite para os manifestantes: “Vocês serão presos!”.
Apoiadores e partidários de Cristina, presidente do Partido Justicialista, convocaram para amanhã uma manifestação que vai reunir partidos políticos, organizações sociais e os principais sindicatos do país. O ato terá como objetivo apoiar a ex-presidente “e exigir a sua liberdade”, disse o senador peronista Eduardo de Pedro.
O presidente do país, Javier Milei, um ultraliberal, ampliou por decreto hoje o poder da polícia de realizar prisões, buscas e vigilância digital sem mandado judicial. Para a ONG Coordenadoria contra a Repressão Policial (Correpi), a medida implica “a destruição das liberdades democráticas, dos direitos e das garantias históricas do povo argentino”.
O chefe de gabinete, Guillermo Francos, avaliou nesta terça-feira que “a reação inicial (da militância peronista) não será a mesma ao longo do tempo”. “Teremos que ver se isso se torna um espetáculo permanente. Esse não é o objetivo de uma condenação judicial”, acrescentou, em declarações ao canal A24.
A Suprema Corte, composta por três membros e com duas cadeiras vagas, recusou o pedido de Cristina para revisar o caso. O presidente Milei tentou preencher as vagas na Corte nomeando dois juízes por decreto, mas a decisão foi rejeitada pelo Congresso.
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