A ex-presidente argentina Cristina Kirchner (2007-2015) exigiu no domingo uma auditoria das obras públicas realizadas sob seu governo após as investigações judiciais abertas por supostos casos de corrupção que envolvem ex-funcionários e pessoas próximas ao kirchnerismo.

“Todas estas coisas merecem uma clareza absoluta. O que é preciso fazer é uma auditoria para estabelecer o que aconteceu, se realmente ocorreram sobrepreços nas obras públicas”, disse ao canal C5N em sua primeira entrevista desde que deixou o governo, em dezembro.

Kirchner chegou na noite de sábado a Buenos Aires a partir de El Calafate (3.000 km ao sul), onde vive. Milhares de simpatizantes a aguardaram no aeroporto da cidade.

Trata-se da segunda vez em que volta à capital argentina a pedido do juiz federal Claudio Bonadio, que a investiga por prejuízos contra o Estado por operações cambiárias do Banco Central nos últimos meses de seu governo.

Vários casos judiciais foram abertos contra ex-ministros e funcionários de seu governo por supostos crimes de corrupção e inclusive a própria ex-presidente e seu filho, o deputado Máximo Kirchner, estão sendo investigados.

Um ex-vice-ministro de Obras Públicas, José López, foi preso quando ocultava sacos com 9 milhões de dólares e joias em um monastério há algumas semanas. López foi durante doze anos o elo com as construtoras que executavam as obras públicas com contratos milionários.

O caso “foi um soco no estômago, você sente repúdio, rejeição, indignação, não há palavras para definir o que se sente diante disso”, disse Kirchner.

A ex-presidente minimizou a possibilidade de que seja colocada sob prisão e considerou que isso são “vicissitudes da política quando você decide representar os interesses das maiorias, quando representa os da minoria não acontece nada, está comprovado”.

“Eu sei que tudo tem um preço”, afirmou.