Os sírios ortodoxos de Hassake, cidade do nordeste da Síria, celebraram neste sábado a chegada de um novo bispo à sua comunidade, quatro anos após o anterior fugir do país.
Desde que começou há seis anos, a guerra da Síria deslocou mais da metade da população. Em algumas regiões, os cristãos se viram particularmente atacados pelos extremistas do grupo Estado Islâmico, que destruíram e profanaram muitas igrejas e símbolos cristãos.
Para os fiéis reunidos neste sábado na Catedral São Jorge de Hassake, a chegada do arcebispo Maurice Amseeh é um exemplo de resistência de sua comunidade apesar da guerra.
“É certo que muita gente se foi, mas nós continuamos aqui, o que aconteceu hoje é a prova de que ainda estamos neste país e que continuaremos”, afirmou Jenny Hakop, uma estudante de 23 anos.
Os participantes gritaram quando o novo arcebispo abençoou os fieis, vestido com uma imponente casula azul e branca bordada com fio de ouro.
“Sem um bispo, o rebanho perde o seu caminho”, afirmou Georgette, uma professora de 37 anos, expressando a sua esperança de que Amseeh ajude a revitalizar a igreja cristã na área.
O mandato oficial do novo bispo se estende até a comunidade síria ortodoxa da região de Al Jazira e do Eufrates, incluindo a província de Deir Ezzor, em grande parte sob o controle do EI.
“Quando Deir Ezzor for liberada do terrorismo, irei lá em peregrinação para reconstruir os edifícios e apoiar a população”, assegurou Amseeh à AFP.
Uma grande parte da província de Hassake e a cidade epônima fazem parte de uma “administração autônoma” curda. O governo sírio controla algumas zonas.
Do lado de fora da igreja podia-se ver uma grande fotografia do presidente Bashar Al-Assad.
Os sírios, que seguem a tradição dos cristãos do Oriente, rezam em aramaico. Esta comunidade se divide em duas ramas – ortodoxa e católica – e constitui 15% dos 1,2 milhão de cristãos na Síria.
Antes do início do conflito em março de 2011, os cristãos, surgidos de 11 comunidades diferentes, representavam 5% da população síria.
Mais de 330.000 pessoas morreram na Síria desde o início da guerra.