VATICANO, 15 JUL (ANSA) – Por Nina Fabrizio – Desta vez, a comunidade cristã na Terra Santa, e além, decidiu levantar a voz. As condenações à violência indiscriminada dos colonos na Cisjordânia estão aumentando, especialmente depois que extremistas repetidamente atacaram Taybeh, a última vila inteiramente cristã remanescente no território, e incendiaram a histórica Igreja de São Jorge e seu cemitério.
Um relatório “muito detalhado” sobre o assunto está prestes a ser submetido à Santa Sé, para análise pela Secretaria de Estado e, em seguida, pelo papa Leão XIV.
Um representante da Santa Sé esteve em Taybeh na última segunda-feira (14) com os patriarcas das igrejas em uma visita de solidariedade. Entre eles estava o Patriarca Latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa.
“Temos um representante da Santa Sé aqui que apresentou um relatório detalhado. Eles estão muito bem informados [no Vaticano], mas repito, nem nós nem ninguém temos o poder ou a fórmula mágica para resolver imediatamente esses problemas”, disse ele.
“Em toda a Cisjordânia, e não apenas aqui, a única lei que prevalece agora é a do poder, daqueles que têm o poder e não o direito”, denunciou o cardeal franciscano, enfatizando que é preciso “trabalhar para garantir que a lei retorne também aqui, nesta parte do país”.
Sobre o papel do Exército e da polícia israelenses, que supostamente não intervieram para deter os colonos, o Patriarca Latino, um dos líderes religiosos mais respeitados, não apenas no Oriente Médio, disse simplesmente: “É muito difícil para nós entrar em detalhes, fornecer fatos concretos. Nem todas as pessoas que vemos em uniformes militares são de fato soldados; elas também podem ser voluntárias”.
Segundo ele, “o que podemos dizer, no entanto, é que a lei não está sendo aplicada, por isso pedimos às autoridades que garantam o respeito aos direitos de todos”.
Enquanto isso, nesta terça-feira (15), os Franciscanos de Assis, a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre e o Grupo de Ação Católica Italiana (ACLI) se manifestaram contra a violência dos colonos. Até o L’Osservatore Romano publicou uma foto de capa dos líderes de igrejas cristãs e diplomatas reunidos em Taybeh.
“Estes são ataques covardes contra pessoas desarmadas. No entanto, nem uma única palavra de vingança ou ódio foi ouvida, mas apenas o apelo urgente por ajuda para proteger suas vidas pacíficas em suas terras”, escreveu o padre Ibrahim Faltas na mídia do Vaticano.
De acordo com o religioso, “o recente massacre da Igreja em Damasco e o que está acontecendo em Taybeh e na Cisjordânia não fazem parte do que eles gostariam de retratar como uma guerra religiosa”.
“Certamente dói ver lugares sagrados ofendidos e ultrajados pela violência, mas devemos, antes de tudo, defender e proteger a vida de seres humanos inocentes e indefesos”, concluiu.
O objetivo dos colonos é sempre o mesmo: por meio de incêndios e saques, eles tentam tomar o máximo de terra possível de seus legítimos proprietários. Em Taybeh, eles recentemente ergueram uma placa dirigida aos moradores com os dizeres: “Não há futuro para vocês aqui”.
“Ligamos duas vezes para o centro de coordenação entre os governos palestino e israelense. Eles disseram que viriam, mas nunca apareceram. Não nos protegeram, não detiveram os colonos, e isso porque os protegem, porque muitos soldados vêm de comunidades de colonos e são incentivados por elementos fanáticos do governo”, detalhou o pároco.
No último domingo, durante a missa, o papa Leão XIV falou de “povos que foram despojados, roubados e saqueados, vítimas de sistemas políticos opressores, de uma economia que os empurra para a pobreza, da guerra que mata seus sonhos e suas vidas.” (ANSA).