A paquistanesa cristã Bibi Asia, que há uma semana foi absolvida da pena capital por blasfêmia em seu país após passar oito anos no corredor da morte, foi libertada.

“Ela continua no Paquistão”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Muhammad Faisal, contrariando as informações da imprensa local de que ela havia deixado o país na noite de quarta.

“#AsiaBibi saiu da prisão e foi transferida para um lugar seguro! Agradeço às autoridades paquistanesas”, tuitou o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, acrescentando que a esperava “o mais breve possível junto à família” em Bruxelas.

De acordo com várias fontes aeroportuárias, Bibi, que ficou presa durante anos na cidade de Multan (centro), foi levada na noite de quarta-feira a bordo de um avião com destino a Islamabad.

“Ela foi libertada, me disseram que ela estava em um avião, mas ninguém sabe onde vai pousar”, disse seu advogado, Saif ul-Mulook, à AFP.

A ordem de soltura chegou na quarta-feira, no presídio de Multan, disse um oficial da prisão à AFP, ou seja, uma semana depois que a Suprema Corte, que pronunciou sua libertação “imediata”, a absolveu.

No sábado, o marido de Bibi pediu refúgio para sua família nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha, ou no Canadá, por receio de violências como as manifestações convocadas por parte de fundamentalistas muçulmanos, irritados com a absolvição da cristã.

A associação católica Italiana Aiuto Alla Chiesa Che Soffre (Ajuda à Igreja que Sofre) publicou outro vídeo de Masih, no qual pede a ajuda do governo italiano para fazê-los deixar o Paquistão, onde as condições de vida se tornaram muito difíceis.

“Estamos muito preocupados porque nossas vidas estão em perigo, não precisamos nem comer porque não podemos sair e fazer compras”, declarou o marido de Bibi.

O mundo religioso muçulmano extremista protesta contra a sentença, absolvendo a cristã que havia sido condenada à morte em 2010 por blasfêmia.

Bibi, mãe de cinco filhos, protagonizou em 2009 uma disputa com vizinhas muçulmanas, com as quais trabalhava no campo, quando estas se negaram a dividir água com ela por ser cristã.

Depois do incidente, uma muçulmana foi até um clérigo e acusou Bibi de ter blasfemado contra o profeta Maomé.

A maioria das manifestações contra ela foi liderada pelo partido radical Tehreek-e-Labaik Pakistan (TLP), conhecido por sua linha particularmente severa em questão de blasfêmia.

Um dos líderes dos manifestantes exigiu a morte dos juízes da Suprema Corte e pediu aos militares que se posicionassem a respeito do caso.

Seu caso teve grande repercussão internacional e chamou a atenção dos papas Bento XVI e Francisco. Uma de suas filhas se encontrou duas vezes com o papa argentino.