Crise no governo italiano é ampliada por plano de recuperação

ROMA, 10 JAN (ANSA) – A crise política na base aliada do governo italiano parece ter chegado a mais um difícil embate entre o premiê, Giuseppe Conte, e o líder do partido Itália Viva (IV), Matteo Renzi, neste fim de semana.   

A disputa sobre o plano de recuperação da economia italiana, duramente afetada pela pandemia de Covid-19, não parece ter fim.   

Neste domingo (10), a ANSA obteve um documento do IV em que há a solicitação de alteração em 30 pontos do texto – que foi aprovado pelos demais partidos de base.   

Segundo fontes, o ex-primeiro-ministro afirmou que, se as mudanças não forem feitas, “nós não abriremos a crise, nós só deixaremos nossas poltronas”, referindo-se às duas pastas que o partido comanda: a de Agricultura, com a ministra Teresa Bellanova, e a da Família, com Elena Bonetti. Apesar de ser a menor das siglas de base, o partido de Renzi é fundamental para que Conte obtenha maioria nas votações do Parlamento.   

Neste domingo, após mais uma série de reuniões, Bellanova usou suas redes sociais para dizer que “essa experiência, para mim, está arquivada” e que o tempo “realmente acabou” para se manter no cargo.   

Por outro lado, Conte teria oferecido um “série de concessões” a Renzi, inclusive com um reforço na participação de membros da sigla no governo, e que incluem parte das alterações desejadas no plano de retomada, informou o “Corriere della Sera”.   

Publicamente, Conte se manifestou sobre a crise política na noite deste sábado (10) através das redes sociais.   

“Desde o início do meu mandato, eu assumi um compromisso com todos os cidadãos: trabalharei sempre pelo vosso bem, pelo bem comum, e não pelo meu lucro pessoal. Até o fim, farei todos os esforços possíveis para gerir esse cargo delicado com ‘disciplina e honra’, como pede a nossa Constituição”, escreveu o premiê.   

Conte destacou que está “trabalhando também para reforçar a coesão das forças de maioria e a solidez da equipe do governo”.   

“Sem essas premissas, torna-se árduo perseguir os objetivos que pedem total dedicação e aguda previsão. E não permito distrações, por respeito aos cidadãos e pelo momento que estamos vivendo”, acrescentou.   

Se pelo lado de Renzi é a ministra Bellanova quem mais se manifesta, do lado de Conte é o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, quem assume a defesa mais intensa publicamente.   

“A crise econômica não espera a política. Quem governa deve ditar o tempo da retomada, por isso, nas próximas horas, nós fecharemos o Recovery [plano de recuperação] e o entregaremos para o Parlamento, colocando em prática os projetos de retomada do país”, escreveu em seu Facebook.   

“O país não pode e não deve ficar parado. Os políticos são pagos para trabalhar e não para brigar. Cada ministro, cada membro do governo, cada parlamentar é chamado para dar o máximo, sempre.   

As tramas de palácio, os jogos, não deveriam nem ser iniciados”, adicionou ainda o chanceler.   

Segundo fontes do governo, a ideia é apresentar e votar o plano de recuperação na quarta-feira (13), mas a situação ainda é bastante instável. (ANSA).