O início de 2020 tem sido agitado no Barcelona, que na terça-feira (4) viu surgir uma crise após Lionel Messi sair em defesa do elenco diante de declarações polêmicas do diretor esportivo Eric Abidal, que se vê em situação delicada no clube.

Em entrevista ao diário esportivo catalão Sport, Abidal justifico a demissão de Ernesto Valverde, afirmando que “muitos jogadores não estavam satisfeitos nem trabalhavam muito” sob o comando do ex-técnico.

Estas declarações não agradaram a Messi, que contestou imediatamente com uma mensagem no Instagram, pedindo que “quando se fala de jogadores, deve dar nomes, pois, caso contrário, estaremos sujando todos e alimentando coisas que são ditas e não são verdadeiras”.

Messi também pediu aos dirigentes do clube que “assumam suas responsabilidades” e parem de deixar entender que decisões como a da demissão de um técnico são tomadas pelos jogadores.

A reação direta de Messi, que costuma manter um perfil discreto, fez tocar o alarme no Barcelona, enquanto o novo técnico da equipe, Quique Setién, tenta se manter às margens das polêmicas.

Estas discussões “não me afetam e tentarei fazer com que tampouco afetem meus jogadores”, declarou Setién, que garantiu que Messi “tem experiência e capacidade suficientes para decidir sobre as coisas que tem ou não que fazer”.

– Gestão esportiva questionada –

“Messi diz chega”, “Guerra aberta”, Caos FC”… Estas são algumas das manchetes na imprensa espanhola nesta quarta-feira (5), após o embate público entre o craque argentino e o diretor esportivo do Barça, que já vinha tendo o trabalho questionado.

A infrutífera viagem a Doha para oferecer ao ex-jogador do clube Xavi Hernández o cargo de técnico, assim como a fracassada tentativa de contratar um centroavante na janela de inverno europeia fragilizaram Abidal.

A gestão esportivo do ex-jogador francês já sofreu duras críticas na última pré-temporada, quando o Barça não conseguiu tirar Neymar do PSG a pedido de Messi.

A imprensa esportiva espanhola já cogita a possibilidade de Abidal entregar o cargo ainda nesta quarta-feira, após a reunião que o diretor esportivo terá com o presidente do clube, Josep Maria Bartomeu.

“Um confronto com Leo (Messi) não é bom. Ter contra você a maior figura custa caro no Barça. E isso o diretor esportivo sabe. Se a isso se somar que Bartomeu também não andava muito satisfeito com o trabalho que foi feito no mercado invernal, a situação parece complicada”, escreveu o diário esportivo Marca.

– Negociando a renovação de Messi –

O presidente do Barça buscará acalmar uma crise que não convém em um ano que pode ser crucial para a renovação do contrato de Messi, “de quem depende o futuro esportivo imediato do clube”, de acordo com o diretor do Sport, Ernest Folch.

O próprio Abidal afirmou na mesma polêmica entrevista que o Barcelona já iniciou a negociação com Messi para renovar o contrato do craque.

A estrela argentina tem contrato até junho de 2021, mas tem a possibilidade de rescindir unilateralmente o vínculo ao fim da atual temporada, o que provoca certa urgência no Barça.

“Nós como clube queremos deixá-lo mais feliz e isso significa ter bons companheiros, um grupo mais forte, um bom ambiente com alegria diária e, principalmente, títulos”, afirmou Abidal.

Títulos que, após a derrota na Supercopa da Espanha em janeiro, se fazem ainda mais necessários, especialmente o da Liga dos Campeões, depois da dolorosa eliminação contra o Liverpool nas semifinais da competição no ano passado.

Contudo, o fato de não ter reforçado o elenco na janela de inverno europeia somado às lesões de Ousmane Dembélé e Luis Suárez deixaram o time muito enfraquecido, isso às vésperas do Barcelona encarar o momento mais crucial da temporada.

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