A grande chegada de cidadãos da Venezuela, que fogem da crise econômica e política em seu país, “complica” a Colômbia, que tenta superar um conflito armado de meio século, afirmou nesta segunda-feira em Washington a chanceler colombiana, María Ángela Holguín.

A saída dos venezuelanos para o país vizinho, provocado pelo agravamento da escassez de alimentos e medicamentos sob o governo de Nicolás Maduro, representa um “custo adicional grande” para o Estado colombiano, que tenta consolidar a paz, disse Holguín.

“Complica o pós-conflito na medida em que aos recursos que o Estado colombiano tem para responder os compromissos assumidos no acordo (de paz) – na saúde, educação, estradas, projetos de produção – soma-se o custo adicional grande (de) receber uma quantidade de venezuelanos”, explicou.

A Colômbia assinou há um ano um acordo com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para superar mais de cinco décadas de conflito armado.

Holguín analisou a consolidação da paz na Colômbia e a crise humanitária na Venezuela em uma reunião na segunda-feira em Washington com o secretário de Estado americano, Rex Tillerson.

“Nossa preocupação é crescente. A cada dia a situação para o povo venezuelano é mais complexa”, disse.

Holguín calcula que no último ano e meio 450.000 venezuelanos entraram na Colômbia.

No decorrer de 2017, afirmou a chanceler, 140.000 venezuelanos atravessaram a ponte internacional de Rumichaca, principal passagem de fronteira colombiano-equatoriana.

“São números que nunca haviam sido registrados”, destacou, antes de comentar que a situação migratória dos venezuelanos se repete no Brasil, Peru e Chile.

Holguín espera que a Venezuela consiga superar em breve a polarização política interna, com “soluções concretas”.

“Todos queremos que aconteça um diálogo na Venezuela”, disse, antes de ressaltar que as medidas de sanções adotadas não devem prejudicar ainda mais o povo venezuelano.