29/05/2018 - 13:44
O prêmio de risco dos países do sul da Europa disparou nesta terça-feira (29) nos mercados europeus, diante do temor dos investidores com as consequências da crise política na Itália e a incerteza sobre o governo na Espanha.
Paralelamente, a economia alemã voltou se tornar fonte de segurança para os investidores, e os juros dos títulos da dívida a 10 anos caíam.
Essas duas tendências ampliam o “spread”, ou a diferença entre as taxas de juros dos bônus da dívida de países da zona do euro com relação às dos títulos alemães a 10 anos.
No caso da Itália, essa diferença chegou a superar os 300 pontos nesta terça-feira, embora tenha sido suavizada depois.
Os valores dos países do sul da Europa “continuam caindo devido às declarações dos líderes do M5S e da Liga, que mantêm as especulações sobre uma aliança nas próximas eleições”, indicou em nota Nordine Naam, analista da Natixis.
O Movimento Cinco Estrelas (M5S, antissistema) e a Liga (extrema direita) tinham proposto o advogado Giuseppe Conte como primeiro-ministro.
Mas o presidente italiano, Sergio Mattarella, vetou a nomeação do eurocético Paolo Savona como ministro da Economia e propôs como primeiro-ministro Carlo Cottarelli, ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Nesta terça, a Itália aguardava a proposta de governo de Cottarelli, defensor da austeridade – embora ele tenha pouca chance de ganhar a confiança de um Parlamento dominado pelos partidos eurocéticos. Esse cenário levaria o país a uma nova eleição em alguns meses.
“Ontem (segunda-feira), os mercados tomaram consciência do rumo perigoso dos acontecimentos. Matteo Salvini (líder da Liga) não quer abrir mão da escolha do ministro de Economia, um sinal de que a saída do euro não é uma ideia abandonada pela Liga, pelo contrário”, apontam em nota os analistas da Aurel BGC.
“O (aumento) mais espetacular talvez seja o aumento das taxas curtas (a dez anos), sinal de que a preocupação dos investimentos também afeta a evolução da situação em um horizonte de curto prazo”, acrescentaram.
As taxas de rendimento dos títulos italianos a dois anos alcançaram 2,490% nesta manhã, contra 0,903% do fechamento de segunda.
– Preocupação com Espanha –
Investidores também acompanham de perto a situação política na Espanha, a três dias da votação de uma moção de censura contra o governo de Mariano Rajoy nesta sexta-feira.
A moção de censura foi apresentada pelo partido socialista, o principal partido de oposição, para tentar derrubar o governo de Rajoy, debilitado por um caso de corrupção.
“A perspectiva de eleições antecipadas na Espanha reforça o clima de incerteza na Europa”, disse David Madden, analista da CMC Markets.
Nesta manhã, as taxas de rendimento dos títulos alemães a 10 anos recuavam a 0,286%, frente a 0,344% do fechamento de segunda-feira.
Já no caso da Itália, a taxa dos bônus da dívida a 10 anos chegavam a 3,117%, frente a 2,684% de sexta-feira.
Os da Espanha também subiram a 1,636%, contra 1,525% da véspera, bem como os de Portugal (2,224% contra 2,071%) e da Grécia (4,762% ante 4,487%).