MOSCOU, 25 FEV (ANSA) – Poucos meses após o conflito com o Azerbaijão em Nagorno-Karabakh, a Armênia precipitou nesta quinta-feira (25) em uma crise interna que opõe as Forças Armadas ao governo do primeiro-ministro Nikol Pashinyan.   

O comando do Estado-Maior pediu a renúncia do premiê e de seu gabinete, alegando “incapacidade” do governo de tomar decisões adequadas, mas Pashinyan não só rechaçou a solicitação como denunciou uma tentativa de golpe e convocou a população às ruas.   

“Convido todos os nossos apoiadores a se reunirem imediatamente na Praça da República [na capital Yerevan]”, conclamou o primeiro-ministro no Facebook. Além disso, ele destituiu o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Onik Gasparyan.   

“Considero sua declaração como uma tentativa de golpe de Estado militar”, declarou Pashinyan, que se juntou a seus apoiadores na manifestação. Já o líder da oposição, Vazgen Manukyan, acusou o premiê de incitar uma “guerra civil”.   

“Pedimos a todos os armênios que não caiam nas provocações desse regime. A única garantia para nossa segurança são as Forças Armadas e seu comando”, disse Manukyan, que, no entanto, também encorajou seus apoiadores a saírem nas ruas.   

O governo da Rússia, mediador do acordo de paz em Nagorno-Karabakh, expressou “preocupação” com a crise na Armênia, mas disse que essa é uma “questão interna” – o país é o principal aliado de Yerevan, porém mantém boas relações com Baku.   

Já a Turquia, pró-Azerbaijão, condenou “com força a tentativa de golpe de Estado”. “É inaceitável que militares peçam a renúncia de um governo que chegou ao poder na democracia”, afirmou o chanceler turco, Mevlut Cavusoglu.   

A crise – Premiê desde maio de 2018, Pashinyan é alvo de pressões internas por causa do resultado do conflito de Nagorno-Karabakh, região montanhosa oficialmente pertencente ao Azerbaijão, mas dominada por grupos de etnia armênia que buscam o separatismo.   

O cessar-fogo firmado no fim do ano passado, no entanto, determinou que as áreas conquistadas pelos azeris durante o conflito não seriam restituídas. Além disso, as tropas da Armênia tiveram de se retirar de zonas adjacentes.   

O desfecho foi visto como uma humilhação nacional para o primeiro-ministro, que disse ter assinado o acordo para evitar mais mortes. (ANSA).