09/08/2017 - 9:59
SÃO PAULO, 9 AGO (ANSA) – Há exatos 10 anos, no dia 9 de agosto, o mundo começava a entrar na terceira maior crise do capitalismo – mesmo sem saber, de fato, que isso aconteceria – a chamada “crise do subprime”.
Naquele dia, o maior banco francês, o BNP Paribas, anunciava em um comunicado que estava suspendendo temporariamente três fundos de investimento – Parvest Dynamics ABS, ABS Euribor e ABS Eonia – porque mais de um terço de seus créditos tinham as dívidas norte-americanas de “baixa qualidade” em carteira, o que faria “evaporar a liquidez”.
Basicamente, o banco informou que não tinha mais como calcular o valor líquido desses títulos por conta da turbulenta situação do mercado subprime nos EUA. Essa decisão é muito rara no mundo dos mercados porque envia um sinal de “desastre” para os investidores.
À época, um dos ex-executivos do banco revelou ao jornal “Le Monde” que a situação já era conhecida internamente e que os franceses apenas eram “os primeiros a dizer que o rei estava nu”. Isso porque a o problema já começava a dar sinais meses antes.
A crise nos “subprimes” começou em 2000, quando milhares de famílias de baixa renda nos Estados Unidos tomaram empréstimos a taxas variáveis, o chamado subprime, garantidos no valor dos imóveis. No entanto, quando essas taxas sobem, as famílias não tem mais como pagar os empréstimos e os preços dos imóveis acabam entrando em uma bolha com preços muito fora do padrão.
Como esse valor já está em negociações financeiras bancárias complexas, a liquidez começa a sumir.
Antes dessa crise, o capitalismo sofreu com duas grandes crises: uma entre 1873 e 1896, considerada a mais longa da história, e entre 1929 a 1939, a dramática Grande Depressão.
Prevendo uma crise nos mercados, os dois principais bancos centrais do mundo – o Banco Central Europeu (BCE) e o Federal Reserve (FED) dos EUA – começam a injetar dinheiro na economia.
O BCE anuncia que “para enfrentar as tensões” decide fazer um “leilão rápido” de 94,8 bilhões de euros para 50 bancos da zona do euro. Horas depois, o FED coloca à disposição US$ 24 bilhões, reforçado por mais US$ 38 bilhões no dia seguinte. Os valores eram os mais altos a serem injetados desde o atentado terrorista de 11 de setembro.
Em cerca de 48 horas, os bancos centrais de todo o mundo injetaram cerca de 290 bilhões de euros para tentar restabelecer a confiança dos mercados. No entanto, o que se viu nos meses seguintes foi uma crise sem fim: importantes bancos mundiais quebrando, milhões de pessoas perdendo empregos e a crise dos mercados virando um problema político, social e econômico atingindo o mundo todo.
Hoje, 10 anos após a turbulência, os mercados começam a mostrar consistência novamente nos dados positivos, com a (lenta) retomada do crescimento e da geração de emprego e renda.
Os dados, desde o ano passado, começam a se mostrar positivos consistentemente tanto na Europa como nos EUA, mas ainda não são tão bons como no período antes do problema. (ANSA)