Os efeitos negativos das variações climáticas e da agressão ao meio ambiente parecem intermináveis. A descoberta mais recente é uma abertura no campo magnético da Terra chamada de Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS). O buraco, em franco crescimento, é uma defasagem na proteção magnética do planeta. Começa mais intensamente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, corta o Oceano Atlântico e termina no sul do continente africano.

A preservação do campo magnético da Terra é fundamental. Ele funciona como um escudo protetor contra a radiação cósmica e ventos exagerados ou aquecidos por raios solares. “Infelizmente, essa anomalia magnética, monitorada por satélites há anos, continua crescendo. É um fenômeno natural que, por enquanto, a ciência e os governos não possuem recursos para impedir. Precisaremos estudar e lutar para criar ferramentas e recursos no futuro”, explica o geólogo Augusto Nobre, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Crise do clima põe em risco até o campo magnético da Terra
(Divulgação)

“O sol emite quantidades elevadas de radiação, ventos solares e blocos aquecidos. Sem a existência do campo eletromagnético, a humanidade não teria como sustentar qualquer tipo de vida no planeta Terra.”
Augusto Nobre, geólogo

A AMAS, como lembra Nobre, não é exatamente uma novidade para os cientistas. Pesquisadores calculam que ela começou a se formar há pelo menos dez mil anos.

O fenômeno é estudado e monitorado em tempo real por agências espaciais como a americana NASA e a européia ESA, e também pelo Observatório Nacional brasileiro.

O aumento da abertura e a área de alcance dos efeitos negativos na superfície do planeta começaram a ser detectados a partir de 1970.

O fenômeno começou a trazer preocupação nos últimos anos. De acordo com dados coletados pela ESA, comparados com relatórios americanos, o buraco aumentou de tamanho pelo menos 5% desde 2019.

Crise do clima põe em risco até o campo magnético da Terra
Interfere em satélites (acima) e transmissões (Crédito:Divulgação )

• A abertura afeta diretamente o que está acima em órbita terrestre, como satélites, ondas de rádio e transmissões que se propagam a longas distâncias.

• Interfere também no fluxo migratório de animais que se utilizam do campo magnético terrestre para se deslocar.

A AMAS coloca, no mínimo, dois desafios diante da ciência: descobrir ferramentas para amenizar seus efeitos e descobrir até que ponto a atitude do homem pode diminuir ou ampliar o problema.