Os ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais dos países do G20 iniciaram, nesta segunda-feira (17), as negociações para buscar acordos de reestruturação da dívida e sobre os modelos de financiamento para enfrentar a mudança climática, em um cenário de desaceleração da economia mundial.

A ministra das Finanças da Índia, Nirmala Sitharaman, que preside a reunião em Gandhinagar, no estado de Gujarat (oeste), abriu os debates. Ela recordou que os líderes financeiros têm “a responsabilidade de comandar a economia mundial rumo a um crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo”.

Um dos principais tópicos na agenda do encontro de dois dias será tentar facilitar o consenso sobre os temas ainda sem solução relacionados ao aumento da dívida, disse Sitharaman à imprensa, ao lado de Janet Yellen, secretária do Tesouro dos Estados Unidos.

As reuniões também abordarão “questões globais cruciais, como o fortalecimento dos bancos multilaterais de desenvolvimento e a adoção de medidas climáticas coordenadas”, acrescentou Sitharaman.

Yellen destacou os esforços para combater o excesso de dívida dos países mais pobres do mundo. Ela citou como exemplo o progresso na reestruturação da dívida de Zâmbia, tema abordado durante sua visita à China no início do mês.

O ministro das Finanças da Itália, Giancarlo Giorgetti, afirmou que as intervenções específicas deveriam “proteger os setores mais vulneráveis da população e estimular os investimentos para aumentar o potencial de nossas economias diante do risco de recessão”.

– O custo da mudança climática –

A China, segunda maior economia do planeta e principal doador de vários países de baixa renda que enfrentam dificuldades na Ásia e na África, é contrária no momento a uma posição multilateral comum sobre o assunto, de acordo com diversas fontes.

No domingo, Yellen disse que o acordo em Zâmbia levou “muito tempo de negociações” e que espera acordos similares em breve em favor de Gana e Sri Lanka.

“Devemos aplicar os princípios comuns que estabelecemos no caso de Zâmbia a outros casos, e não começar do zero todas as vezes”, declarou. “E devemos ir mais rápido”.

O duplo impacto da pandemia de coronavírus e da invasão russa da Ucrânia (que afeta os preços mundiais dos combustíveis e das commodities) levou várias economias a aproximar-se “do ponto de ruptura”, disse uma fonte indiana.

O G20 também discutirá a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento, a regulamentação das criptomoedas e a necessidade de facilitar o acesso dos países mais pobres ao financiamento para mitigar os efeitos da mudança climática e para adaptação à crise.

“Nos países do Norte, a mudança climática é sinônimo de redução das emissões de CO2”, afirmou Ajay Banga, presidente do Banco Mundial, em um artigo publicado antes da reunião.

“Mas para os países do Sul é uma questão de sobrevivência”, acrescentou, “porque os furacões são mais violentos, as sementes resistentes ao calor são escassas, a seca destrói fazendas e cidades, e as inundações acabam com décadas de progresso”.

Também está prevista a implementação da primeira etapa de um acordo sobre a distribuição mais equitativa das receitas fiscais das empresas multinacionais, concluído na semana passada por 138 países.

Atualmente, as multinacionais, especialmente as empresas de tecnologia, podem transferir com facilidade os lucros para países com impostos baixos, inclusive quando realizam apenas uma pequena parte de suas atividades em tal nação.

No que diz respeito a uma ajuda à Ucrânia, qualquer discussão sobre o apoio ao país em guerra é incômoda para a Índia, anfitriã da reunião G20, que até o momento não condenou a invasão russa, apesar de integrar a aliança ‘Quad’, ao lado de Austrália, Estados Unidos e Japão.

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