ROMA, 17 ABR (ANSA) – Por Benedetta Bianco – A economia global está fadada a uma redução, em média, de 19% até 2049 devido à crise climática em andamento, mas com disparidades evidentes entre países mais e menos ricos: os mais afetados serão os de baixa renda e com baixas emissões históricas de poluentes, que sofrerão uma perda de renda maior de 61% em comparação com os de renda mais alta e 40% maior do que os países com emissões mais altas.   

Esta é a projeção, publicada na revista Nature, derivada de um modelo desenvolvido pelo Instituto de Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, da Alemanha. Os pesquisadores utilizaram dados locais sobre temperaturas e precipitações de mais de 1,6 mil regiões do mundo, combinados com dados climáticos e de renda dos últimos 40 anos e projeções climáticas.   

“A Europa, embora menos afetada do que países mais pobres e menos contribuintes para as emissões de gases de efeito estufa, é uma área caracterizada por uma forte diversidade”, diz Francesco Lamperti, da Escola Superior Sant’Anna de Pisa: “A Europa Mediterrânea sofrerá um impacto maior do que a Europa Continental, porque a região mediterrânea é considerada um ponto crítico para as mudanças climáticas, onde seus efeitos são mais pronunciados”.   

Os resultados obtidos pelos pesquisadores coordenados por Leonie Wenz indicam que a economia global terá uma redução de cerca de 19% na renda até 2049 em comparação com um cenário em que não há mudança climática, um prejuízo que já é seis vezes maior do que os custos associados à redução e mitigação do aquecimento global, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris sobre o clima.   

“O mérito deste estudo é que ele demonstra que as consequências da crise climática chegarão já em 2050, portanto, não em um futuro distante. Além disso a estimativa é independente das políticas de redução de emissões que podem ser implementadas, a queda na renda ocorrerá em qualquer cenário, o que destaca a urgência de encontrar políticas de adaptação, muitas vezes deixadas de lado no debate público”, acrescenta Lamperti.   

O modelo indica que as perdas econômicas afetarão todas as áreas do globo, com exceção das de latitudes mais altas, como Alasca, Groenlândia, Escandinávia e Rússia setentrional, onde as temperaturas mais altas terão um efeito positivo na renda. O dano é atribuído principalmente às variações de temperatura e precipitação, mas os autores do estudo sugerem que, ao considerar outras variáveis climáticas, a redução econômica pode ser mais acentuada.   

“São estimativas conservadoras. É provável que os danos sejam maiores devido à presença de outros fatores, como o aumento do nível do mar ou eventos extremos não considerados relacionados aos fenômenos climáticos El Niño e La Niña”, destaca Lamperti.   

(ANSA).