Bolívia – O prolongamento da crise política na Bolívia, após o ex-presidente Evo Morales renunciar no último domingo, terá reflexos diretos no Brasil como a intensificação do fluxo imigratório e alteração nos preços do gás devido ao projeto de gasoduto que os dois países mantêm, segundo especialistas. A situação boliviana pode repetir o que ocorreu recentemente na Venezuela no começo do ano, quando 40 mil pessoas cidadão daquele país atravessaram a fronteira com a cidade de Pacaraina (RR) em busca de emprego.

“Se a situação na Bolívia piorar, as pessoas vão querer fugir desse cenário. Então, o fluxo de imigrantes pode aumentar. O Brasil teria que saber lidar com a situação”, afirma Rodrigo Gallo, professor do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia.

Em relação à produção de gás, José Luiz Niemeyer, coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec-RJ, explica: “A situação na Bolívia afeta o projeto do gasoduto entre os dois países. O Brasil compra o gás boliviano, gerando o que chamamos de cooperação econômica. Temos a linha de compra e venda do produto boliviano, que é importante para a indústria da Região Sudeste”.

O gasoduto é o principal canal de transporte de gás do país. Atravessa Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, e mais 136 cidades, levando 30 milhões de m³ do combustível a sete distribuidoras. Além disso, abastece termelétricas e refinarias diretamente.

A possibilidade, a longo prazo, é a mudança de preço do gás. “Quando Morales nacionalizou os hidrocarbonetos [gás e petróleo], o impacto foi justamente a elevação do custo”, exemplifica José Maria de Souza, Doutor em Ciência Política e mestre em América Latina pela USP. “A depender de como a situação eleitoral for resolvida, isso pode acontecer de novo”. Politicamente, os especialistas afirmam que o cenário é muito incerto e o Brasil deve observar como será o processo eleitoral boliviano, sem interferências.

*Estagiária sob supervisão de Max Leone

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