Criptomoedas têm ganhado cada vez mais espaço entre investidores no Brasil. Mas ainda trazem muitas dúvidas e questionamentos. Para falar sobre o tema, o MoneyPlay Podcast, programa voltado para o mundo das finanças, apresentado pelo educador financeiro Fabrício Duarte, convidou Roberta Antunes, diretora de Crescimento da Hashdex, maior gestora de criptoativos da América Latina. 

Formada em Marketing, ela foi CEO da Endless, empresa de sistema operacional do Vale do Silício e co-fundadora do Hotel Urbano. No programa, explica a diferença entre os produtos disponíveis nesse mercado, pontos para ficar atento e se ainda há risco de criptomoedas se tornarem uma bolha.

>>> Assista aqui o vídeo na íntegra.

Há dois anos, Roberta se juntou à equipe da Hashdex. Veio dos Estados Unidos, onde fez carreira com empreendedorismo e tecnologia. Para ela, o desafio era enorme, pois nunca havia trabalhado no mercado financeiro. 

A Hashdex atua apenas com criptoativos, ou seja, fundos e ETFs (cota de fundo vendida como ação na bolsa) atrelados a criptomoedas e regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). 

+ Especialista em fundos imobiliários explica o que são esses investimentos

+ Casa de análise aposta em entretenimento para levar educação financeira a investidor

+ “É preciso desmistificar o investimento offshore”

Isso significa que eles seguem processos e critérios de segurança que garantem a proteção do ativo, diferentemente da compra direta de criptomoedas em corretoras. Além disso, os criptoativos contam com um especialista para fazer sua gestão. “Mesmo que você aprenda muito, a chance de bater o resultado de um gestor é muito pequena”, diz Roberta.  

Ter opções mais seguras no mercado é importante, pois há pessoas com perfis muito variados investindo em moedas digitais ou criptoativos atualmente, um mercado bastante volátil. Estudos recentes, conta Roberta, mostraram que acertar o timing de quando comprar ou vender é muito difícil no mês a mês: a volatilidade é de até 70%. 

“Acertar o dia então, é ainda mais arriscado”, alerta a diretora. “Já em cinco anos, a chance de retornos muito positivos é bem maior. Cripto é um investimento de longo prazo.”

Pontos para ficar atento

Antes de investir nesse mercado é preciso avaliar algumas questões importantes, como a escolha de qual investimento escolher, já que existem mais de 10 mil criptoativos disponíveis no mercado. “A grande maioria é porcaria ou foi criada com má fé”, alerta Roberta. 

Cuidar da custódia (armazenamento) da criptomoeda, seja pela corretora contratada ou pelo próprio investidor que tem acesso à chave da moeda digital em seu e-mail, é outro ponto fundamental. Se o “dono” da criptomoeda perder essa chave, por conta de hackers ou por descuido, não há a quem recorrer, é irrecuperável. 

Outro ponto é que, quando você compra diretamente a moeda digital, você é responsável pelo cálculo e pagamento dos impostos. Mas se o investidor contrata uma gestora, esse processo é bem mais simples.

A questão sucessória de chaves privadas também precisa ser verificada. “Não é como no banco que, quando o dono morre, o dinheiro vai automaticamente para os herdeiros”, compara Roberta.” É preciso deixar um ‘mapa da mina’ da chave sem expor o acesso.” 

Também é preciso ficar atento ao tamanho da alocação em criptomoedas. “Como têm maior risco, é preciso que seja uma parcela pequena do total da sua carteira”, orienta. Além disso, o investidor nunca deve acreditar em promessas de retorno garantido. “Isso não existe em qualquer investimento. Só invista naquilo que estiver confortável.”

Risco de uma bolha?

A especialista costuma comparar o mercado de criptoativos com o de tecnologia. “Quando o Facebook comprou o Instagram e o WhatsApp, o mercado não entendeu o motivo, pois ambos não davam retorno financeiro na época”, conta. “Hoje, ninguém questiona.” 

Isso, explica Roberta, acontece sempre que a tecnologia ainda é incipiente, pois é difícil precificar. “Não é o fluxo de caixa que se deve olhar, mas o valor que a empresa pode alcançar”, diz. Para ela, o blockchain tem um valor imensurável, mas ainda há receio do investidor por conta de fluxos de caixa negativos. 

A diretora acredita que é possível enfrentar a alta volatilidade desse invetimento. “Uma cripto pode custar R$ 67, chegar a R$ 100 e depois cair para R$ 40, pois é algo dinâmico”, justifica. “Mas, no longo prazo, está sempre crescendo. A mínima anual tem crescido sempre no ano a ano.”

Para Roberta, o mercado ainda está muito no início e tem muito para amadurecer, então muitas criptos vão morrer. “O difícil é saber qual vencerá”, finaliza.

>>> Confira aqui todos os episódios do programa.