Criminosos burlam reconhecimento facial de contas Gov.br; saiba como se proteger

Pessoa mexe no celular com as duas mãos

A Polícia Federal descobriu um esquema golpista que tem utilizado tecnologias complexas para invadir contas Gov.br. Segundo a investigação, criminosos burlam a autenticação biométrica do site por meio de inteligência artificial, vídeos manipulados e até mesmo máscaras impressas em 3D.

Com isso, eles conseguiam acessar perfis, roubar dados das vítimas, autorizar descontos ou pagamentos e pedir empréstimos. A PF aponta que cerca de 3 mil pessoas estão entre os afetados.

As fraudes burlam o reconhecimento facial da plataforma, que desde de 2020 utiliza biometria como forma de login. Com a tecnologia “liveness”, o site verifica se a imagem capturada é de um ser humano real e vivo ou apenas uma réplica falsa. Mas, mesmo com a equipagem, os golpistas foram capaz de combinar técnicas que imitam os movimentos humanos e enganam o sistema – como piscar ou virar a cabeça.

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Segundo Paulo Trindade, gerente de segurança de ameaças da ISH Tecnologia, os golpes online têm se equipado cada vez mais, com sistemas convincentes, mas fraudulentos. Por causa disso, é preciso que os cidadãos estejam atentos sobre os principais métodos utilizados por criminosos e se informem sobre as maneiras de se prevenir.

Ele ressalta que o golpe da autenticação biométrica é desafiador, pois a segurança depende dos fornecedores dos circuitos. Apesar disso, o especialista indica que uma boa forma de se proteger desse tipo de problema é ativar a verificação de duas etapas.

“A dica é habilitar o fator duplo de autenticação em todos os sistemas e ter sempre os aplicativos atualizados no seu aparelho”, indica Paulo.

De acordo com ele, a autenticação de dois fatores exige que o acesso seja feito em duas etapas. Ou seja, além de precisar dos dados da vítima, o golpista ainda teria que conseguir o aparelho físico da respectiva pessoa para efetuar o crime.

Evite crimes cibernérticos

O gerente de segurança de ameaças volta a reforçar que, apesar do golpe relativo ao Gov.br. ter cunho técnico, a maior parte dos crimes digitais possui apelo emocional.

“As vítimas costumam cair mais em gatilhos emocionais, de escassez, de autoridade, que são gatilhos que fazem as pessoas tomarem ações precipitadas. Então tudo que gera urgência é algo que precisa ter muita atenção, porque tem potencial de ser golpe”, pondera.

Paulo também indica que os usuários mantenham os aparelhos atualizados, uma vez que sistemas antigos costumam apresentar maior vulnerabilidade.

Além disso, outra recomendação importante é evitar compartilhar dispositivos ou dados de acesso importantes com crianças e adolescentes. Isso porque eles não possuem instrução e discernimento necessários para manter uma conduta online segura, com risco de realizarem downloads indevidos ou preencherem informações em sites fraudulentos.

“Nunca compartilhar dispositivos que você usa para banco ou acessos ‘sérios’, por exemplo, com crianças ou adolescentes. Porque, normalmente, eles não vão ter preocupação com os riscos – o que a gente compreende, claro, por ser natural a essa fase da vida”, ressalta.

Por fim, é essencial que a população evite utilizar redes públicas ou dispositivos não confiáveis, desconfie de pedidos de acesso e tomem cuidado com os dados que disponibilizam nas contas online. Com maior atenção ao comportamento digital, especialistas acreditam que a incidência de vítimas de golpes virtuais diminuirá consideravelmente.