Um suposto grupo criminoso lançou nesta quinta-feira (31) uma ameaça contra o presidente mexicano, Andrés Manuel Lopez Obrador, para exigir a retirada de soldados que combatem o roubo de combustível, sob pena de matar militares e civis.

Pela manhã, estranhos deixaram uma van estacionada do lado de fora da refinaria de Salamanca, no estado central de Guanajuato, dentro da qual havia um objeto escuro cercado por vários cabos brancos, de acordo com uma imagem transmitida pela presidência mexicana.

O porta-voz presidencial, Jesús Ramírez, assegurou que o incidente “é obviamente uma questão que tem a ver com os agentes, com o escopo da luta contra o roubo de combustível”, e explicou que o gabinete do procurador-geral já abriu uma investigação.

“Não havia explosivos no caminhão abandonado”, disse Ramírez, sem dar mais detalhes sobre o objeto.

“Alarme falso”, limitou-se a responder López Obrador antes de concluir sua coletiva de imprensa matinal.

López Obrador promove com as Forças Armadas uma estratégia nacional para combater o roubo de combustível, um crime que nos últimos anos deixa perdas anuais de cerca de 3 bilhões de dólares para a estatal Petróleos Mexicanos, além de uma onda de assassinatos.

Na área onde o veículo estava localizado, foram encontrados cartazes assinados pelo suposto chefe de um grupo criminoso chamado Santa Rosa de Lima.

O texto exige que López Obrador libere supostos criminosos recentemente detidos e que os militares sejam removidos de Guanajuato, que pelo roubo de combustível se tornou um dos estados mais violentos do México.

O grupo criminoso ameaça matar os militares e civis se eles não responderem às suas exigências.

Nesta mensagem, o ex-promotor de drogas Samuel González disse à AFP que, enquanto outros presidentes já foram alvo de ameaças do crime organizado, no caso de López Obrador, isso é particularmente relevante porque não tem guardas presidenciais.

“Eles estão enviando uma mensagem muito direta, uma ameaça que o governo deve tomar em toda a sua magnitude e reavaliar a situação de segurança do presidente”, disse ele.

López Obrador, que assumiu a presidência em 1º de dezembro, dissolveu o corpo de guardas presidenciais e tem uma pequena equipe de segurança.

“O povo cuida de mim”, foi seu argumento para dispensar os guardas militares.