GENEBRA, 23 SET (ANSA) – A comissão independente das Nações Unidas que investiga a invasão da Rússia na Ucrânia apontou em seu primeiro relatório, divulgado nesta sexta-feira (23), que “crimes de guerra” foram cometidos no país europeu.
“Com base nas provas recolhidas pela comissão, a mesma concluiu que crimes de guerra foram cometidos na Ucrânia”, disse o chefe do grupo, Erik Mose, durante pronunciamento no Conselho de Direitos Humanos em Genebra, na Suíça.
Os investigadores relataram uma vasta gama de crimes, incluindo bombardeios de áreas civis, “numerosas execuções”, torturas e “horríveis” casos de violência sexual.
O documento aponta que os menores foram vítimas de inúmeros abusos, incluindo casos de “crianças estupradas, torturadas e apreendidas ilegalmente”. Mas provas de estupros de idosos também foram registradas.
“Nos casos que investigamos, a idade das vítimas de violência sexual e de gênero vai dos quatro aos 82 anos. Houve episódios em que os pais foram obrigados a assistir aos crimes contra seus filhos”, acrescentou ainda Mose. O chefe da comissão afirmou que “em muitos dos casos” os autores dos crimes foram soldados russos.
Outro ponto de destaque foram os casos de tortura que, de acordo com Mose, “chocaram” pela quantidade. Eles foram cometidos em 16 cidades diferentes e “há mais denúncias críveis que estamos documentando”.
Conforme os dados do relatório, os investigadores foram a 27 cidades ucranianas e entrevistaram pessoalmente cerca de 150 pessoas, entre vítimas e testemunhas.
A investigação da ONU foi independente daquela realizada por Kiev desde o início do conflito, que reúne milhares de denúncias recebidas desde fevereiro.
Recentemente, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chegou a pedir às Nações Unidas que fosse instituído um tribunal “no estilo daquele em Nuremberg”, que julgou os nazistas pela guerra. (ANSA).