14/06/2024 - 8:00
O roteiro é de cinema: uma turma de crianças passeia pela trilha de um parque e, sem querer, se depara com fósseis de dinossauro, no melhor estilo do filme Jurassic Park (Parque dos Dinossauros, no Brasil). O achado ocorreu em Hell Creek, nos arredores de Badlands, no estado norte-americano da Dakota do Norte. Apaixonados por dinossauros, os três garotos fizeram a descoberta de sua vidas ao encontrar fragmentos que foram identificados mais tarde como fósseis de Tironassauros Rex, o famoso T-Rex.
A descoberta mobilizou cientistas de todo o país para conseguir determinar com precisão a espécie dos fósseis, encontrados em julho de 2022. Os autores do feito foram os irmãos Liam e Jessin Fisher, de sete e dez anos, à época, e seu primo Kaiden Madsen, de nove, que desbravavam o parque natural durante suas férias de verão.
Eles o fotografaram e enviaram a imagem para um amigo da família, o paleontólogo de vertebrados Tyler Lyson, do Museu de Natureza e Ciência de Denver, no Colorado.
O local, inusitado dentro do espectro de fósseis dos EUA, logo chamou a atenção dos pesquisadores, que iniciaram as escavações para identificar o que poderia se tratar de um sítio arqueológico de grande valor. Estavam certos: novos fósseis já foram encontrados desde então.
Com a licença de escavação em mãos, o arqueólogo iniciou um processo meticuloso que durou 11 dias no qual a equipe — acompanhada de perto pelo jovem trio que fez a descoberta — removeu a rocha sobrejacente e realizou a escavação ao redor dos ossos. Quando Lyson encontrou um dente, a equipe rapidamente se deu conta da magnitude da descoberta: um espécime “extremamente raro” de T-Rex jovem, que viveu há 67 milhões de anos.
“A descoberta é significativa para os pesquisadores porque o espécime ‘Teen Rex’ [Rex Adolescente] pode ajudar a responder perguntas sobre como o rei dos dinossauros se desenvolvia”, afirmou Lyson em um comunicado oficial à imprensa.
Os restos foram levados então ao Museu de Natureza e Ciência de Denver, onde o público poderá acompanhar em breve o processo de preparação do fóssil em um novo laboratório. Paleontólogos estimam que o “Teen Rex” pesava cerca de 1.630 kg e media 7,6m, do focinho até a cauda. Acredita-se que o espécime tinha entre 13 e 15 anos quando morreu.
Um documentário sobre o episódio estreia em 21 de junho e será exibido em 100 cidades. A narração do filme ficou por conta do ator neozelnadês Sam Neill, o protagonista de Jurassic Park. O
fóssil do “Teen Rex”, bem como os materiais de pesquisa produzidos a partir dele, serão disponibilizados para acesso público no formato de exposição no Museu de Natureza e Ciência de Denver, que recebeu o nome de Discovering Teen Rex (Descobrindo o T-Rex Adolescente). As visitas abrem em 21 de junho e também incluem a exibição do documentário, que traz imagens da descoberta do “Teen Rex” e outras geradas artificialmente pelo computador, dando movimento e vida ao espécime. A ideia é que as pessoas possam visualizar as etapas de desenvolvimento do dinossauro, desde filhote até a idade adulta.
Lucro garantido
Na mesma semana em que veio à tona o feito dos três garotos em Dakota do Norte, uma outra descoberta nos EUA mobilizou a comunidade científica. Jason Cooper, de 45 anos, um conhecido caçador de tesouros pré-históricos, achou um esqueleto de dinossauro raro perto de sua própria residência.
Era um esqueleto completo de um estegossauro macho adulto. Agora Cooper poderá lucrar mais de US$ 6 milhões — quase R$ 31,7 milhões em recompensa. A raridade está prevista para ir à leilão em julho, em Nova York.
Não é a primeira vez que o arqueólogo de 45 anos encontra um fóssil considerado peça de museu. Ele já havia encontrado outras raridades, mas não dessa dimensão. O esqueleto foi batizado de “Apex”, porque representava o tamanho total que o estegossauro poderia atingir.
Essa espécie de dinossauro era um animal herbívoro, com dentes pequenos e cabeça desproporcional em relação ao restante do corpo.
