A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou nesta segunda-feira (7) sobre o destino “trágico” de milhares de crianças que vivem sem acesso à saúde e mergulhadas na violência no acampamento sírio de Al Hol, onde estão detidos parentes de jihadistas.

Em um relatório, o MSF estimou que a coalizão internacional antijihadista e os países que têm cidadãos detidos no nordeste da Síria “faltaram com suas obrigações” e pediu o fechamento do acampamento.

Al Hol “é uma enorme prisão a céu aberto, na qual a maioria dos detentos é de crianças, muitas delas nascidas no acampamento, privadas de sua infância e condenadas a serem expostas à violência e à exploração, com acesso limitado à saúde e sem esperança”, lamentou a chefe das operações do MSF na Síria, Martine Flokstra.

Este acampamento é administrado pelos curdos e abriga cerca de 50 mil pessoas, incluindo parentes de supostos jihadistas, mas também sírios e iraquianos deslocados.

As crianças constituem 64% da população e metade tem menos de 12 anos, segundo a MSF.

“Vimos e escutamos histórias trágicas”, contou Flokstra.

O relatório cita a falta de acesso a serviços sanitários e o aumento de casos de violência no acampamento.

Há mortes “como resultado do longo tempo necessário para acessar serviços médicos urgentes” e há relatos de “crianças separadas à força de suas mães quando completam 11 anos”, disse Flokstra.

Em 2021, 79 menores morreram neste acampamento, segundo a MSF.

Entre os detidos em Al Hol estão mais de 10.000 estrangeiros, que estão alojados em um local chamado “O anexo”. Segundo o MSF, estas pessoas são de responsabilidade de seus países de origem, que não conseguiram repatriá-los.

“Os esforços para fechar o acampamento foram insuficientes”, concluiu.