As restrições à comida acabam gerando muita preocupação com a exposição a esses itens proibidos fora de casa, o que tem um grande impacto social

 

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Quem convive com crianças e adolescentes que precisam evitar certos alimentos sabe do impacto disso na rotina e na qualidade de vida. E quanto mais grave o quadro e mais tardio o diagnóstico, maior o impacto na saúde. Agora esse dado acaba de ser reforçado por uma revisão de estudos conduzida por pesquisadores canadenses da Universidade de Manitoba e publicada no periódico científico Pediatric Allergy e Immunollogy.

Cerca de 8% das crianças no mundo têm alguma forma de alergia alimentar, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Na infância, dois dos principais alimentos alergênicos, leite e ovo, costumam deixar de causar tantas reações com o passar dos anos. Já as alergias aos frutos do mar, amendoim e castanhas normalmente podem durar por mais tempo.

Os pesquisadores chegaram à conclusão após analisar informações de mais de 8 mil pacientes em 45 artigos quantitativos e 9 qualitativos, todos associando o tema com saúde e bem-estar psicológico e social em crianças alérgicas desde o nascimento até os 19 anos. Eles avaliaram os dados sobre a saúde total, socialização, relacionamentos emocionais e desempenho funcional das crianças e adolescentes.

Segundo a pesquisa, as restrições à comida acabam gerando muita preocupação com a exposição a esses itens proibidos fora de casa, o que tem um grande impacto social. “De fato, a partir dos 4 ou 5 anos de idade isso já aparece”, observa o pediatra e alergista Victor Nudelman, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Começam as limitações nas festinhas pois ela sabe que não poderá comer coisas que amigos e irmãos comem, por exemplo”, ressalta. Entre 20% e 32% das crianças também relatam sofrer bullying e se afastar dos colegas, revela o levantamento.

Dos pacientes avaliados, os mais velhos e que conheciam sua limitação desde cedo, tendiam a aceitar melhor a condição. Por outro lado, aqueles que descobriram o problema mais tarde sofreram mais para se adaptar. “Quanto antes o diagnóstico, melhor”, diz Nudelman. “A criança se cuida, ela sabe que comer determinado alimento pode até levar a uma hospitalização em alguns casos. Às vezes é o adulto que sofre mais.”

Como não é possível simplesmente eliminar a alergia, a recomendação é lidar com ela para evitar as crises. Para isso, é preciso criar um ambiente favorável, despertando a consciência e educando também os familiares sobre as necessidades específicas daquela criança. “A casa inteira precisa aderir. Às vezes o problema está na família, que não dá tanta importância”, nota o especialista. Assim, é possível aliviar o peso dessas restrições. E vale lembrar: em muitos casos o problema é passageiro, melhorando com a idade.

Fonte: Agência Einstein

The post Crianças e adolescentes com alergia alimentar têm pior qualidade de vida appeared first on Agência Einstein.