Os principais gatilhos são alterações ambientais, fatores emocionais, qualidade do sono ruim, alterações hormonais e alimentação

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Se o seu filho está se queixando de dor de cabeça, não se assuste: a cefaleia nas crianças e adolescentes é bastante comum e geralmente não costuma ser grave. Os dois principais tipos são a enxaqueca – que pode atingir cerca de 9% das crianças pequenas e 23% dos adolescentes – e a cefaleia tensional, muito frequente nos jovens, especialmente no início adolescência.

A enxaqueca normalmente é caracterizada por uma dor latejante, mais pulsátil, geralmente dos dois lados da cabeça, associada a náusea e vômito, além da aversão à luz e ao barulho. Pode ou não vir acompanhada de dor abdominal e de alterações visuais, conhecido como aura. A dor de cabeça tensional, no entanto, ocorre quando há um tensionamento da musculatura, é um pouco mais leve e pode ocorrer dos dois lados da cabeça, sem sintomas de náusea e vômito.

As dores são divididas em dois grupos: a dor primária, que não tem uma causa específica e a dor secundária, que tem um fator desencadeador que pode ser uma infecção aguda, uma lesão cerebral, uma hidrocefalia, um problema vascular ou até mesmo um tumor. Mas, segundo a neuropediatra Rejane Macedo, do Hospital Israelita Albert Einstein, os tumores cerebrais como causa de dores de cabeça nas crianças e adolescentes são incomuns.

Segundo a neuropediatra, existem alguns gatilhos e fatores ambientais que costumam estar associados ao surgimento da cefaleia nas crianças e adolescentes, por isso é tão importante avaliar detalhadamente a história do paciente (se ele tem um histórico de dor e piorou ou se é uma dor que acabou de começar), o padrão da dor, a frequência que a criança se queixa e se existe uma predisposição por causa de histórico familiar. Os principais gatilhos são alterações ambientais, fatores emocionais, qualidade do sono ruim, alterações hormonais (comum em adolescentes na fase da puberdade) e a alimentação (com abuso de corantes artificiais, embutidos, alguns tipos de queijo, cafeína, entre outros).

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“É muito comum que os pais cheguem no consultório do neurologista desesperados, sempre achando que a dor de cabeça do filho é algo mais grave porque já passaram pelo oftalmologista e pelo otorrinolaringologista e não descobriram nada. Mas, na maioria das vezes, o problema é primário [sem causa específica] e conseguimos resolver com pequenas mudanças de hábitos. A gente desmitifica essa questão. Criança pode, sim, ter dor de cabeça, assim como os adultos”, explica.

Os sinais de alerta para que os pais busquem ajuda médica são:

• Observar se a dor é aguda;

• Verificar se é uma dor que vem piorando com o tempo;

• Avaliar se houve uma mudança de padrão no tipo da dor e a frequência das queixas.

Segundo Rejane, se a criança tem pelo menos dois episódios de dor por mês é preciso investigar. Em geral, quando a causa está associada a problemas de sono, estresse ou problemas alimentares, pode ser controlado apenas com mudanças de hábitos, sem o uso de medicamentos.

“A primeira orientação é tirar os possíveis gatilhos e mudar o estilo de vida para evitar as crises. O uso de medicamentos é recomendado para poucos casos. Geralmente o tratamento dura de três a seis meses”, diz a médica que ressalta que os exames de imagem, como tomografia e ressonância magnética são solicitados apenas quando a causa da dor é secundária. O uso de analgésicos também deve ser feito com moderação, pois o consumo exagerado de medicamentos pode causar um efeito rebote e desencadear uma dor crônica.

(Fonte: Agência Einstein)

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