Criador do Prêmio Bibi Ferreira, Marllos Silva ressalta o poder de formação do teatro

Ator e diretor reforçou a importância do teatro para o cenário cultural nacional e destacou seu papel como ferramenta de reflexão

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12º edição do Prêmio Bibi Ferreira acontece em outubro Foto: Reprodução/Instagram

Nos últimos tempos, produções como ‘Hairspray’, ‘Meninas Malvadas’ e ‘Wicked – O Musical’ conquistaram ampla popularidade entre o público brasileiro, permanecendo em cartaz por vários meses e principalmente, lotando as sessões em teatros com capacidade para mais de mil espectadores.

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Para celebrar a importância dessas conquistas, no dia 15 de outubro de 2025 acontece a 12ª edição do Prêmio Bibi Ferreira, principal premiação dedicada exclusivamente ao teatro musical no Brasil.

Desde sua criação, o projeto nasceu com o objetivo de valorizar o esforço e talento de atores e membros envolvidos nas produções dessas obras – algo que acontecia poucas vezes até então.

Em entrevista à IstoÉ Gente, o dramaturgo Marllos Silva, criador e diretor do Prêmio Bibi Ferreira, detalhou a necessidade dessa arte para o cenário cultural nacional.

“O teatro é um ambiente diverso e amplo, e claro, dependendo do espetáculo, você vai atingir um público específico, mas o grande barato é que ele serve como espelho da nossa alma”, reflete.

“A sociedade quer olhar para o teatro e se identificar com ele, por isso que há essa diversidade [de espetáculos]”, continua. “Os produtores trabalham pensando não num público específico, mas sim em atingir a sociedade, levantar questões sobre o dia da sociedade e fazer a reflexão da importância de cada momento.”

“Por conta disso, ele acaba sendo um ambiente muito importante na vida das crianças e fundamental em todas as fases da vida.”

O teatro como estimulador da criança 

Marllos estreou neste ano o espetáculo ‘Kafka e a Boneca’, baseado no livro ‘Kafka e a Boneca Viajante’, de Jordi Sierra i Fabra, atuando como diretor e roteirista.

Na obra, o autor narra um episódio real vivido por Franz Kafka que, em 1923, encontrou uma menina chorando após perder sua boneca. Para consolá-la, ele inventou que o brinquedo havia viajado e que manteria contato com ela por meio de cartas.

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Durante o bate-papo, o dramaturgo conta que sua filha Giulia, então com apenas 2 anos, se encantou pelo livro após ganhá-lo de presente de um tio e o pediu que o lesse para ela antes de dormir.

“Ela dormiu e eu continuei lendo o livro e fiquei muito impactado com a história. Eu falei: ‘Isso aqui é um espetáculo de teatro montado'”, relembra. “Na nossa versão, a gente tem o Kafka, tem a boneca, e a relação da menina com os pais. Minha filha só foi entender mais claramente que aquele espetáculo foi feito para ela recentemente.”

Apesar de não ter convivido com o teatro desde a infância – ao contrário de Miguel Falabella, que já contou como sua avó foi fundamental para sua decisão de se tornar ator ainda criança, quando o levava para assistir espetáculos em seu aniversário – o diretor afirma que as peças e montagens são essenciais para a formação.

“Uma criança que frequenta teatro é uma criança que pensa de uma forma diferente. Ela olha para o mundo de uma forma diferente, ela aprende, ela é mais empática, ela é mais reflexiva e ela tem uma formação mais profunda sobre o entendimento da humanidade”, declara.

“Acho que o teatro é fundamental para a formação das crianças como ferramenta de reflexão e olhar para a vida. Quando a gente vai envelhecendo, vamos criando filtros que dificultam o nosso entendimento, diferente delas, que estão sem filtros e simplesmente olham e entendem tudo de uma forma mais clara e sem julgar nada.”

Criador do Prêmio Bibi Ferreira, Marllos Silva ressalta o poder de formação do teatro

Cena de ‘Kafka e a Boneca ‘ – Reprodução/Instagram

*Estagiária sob supervisão