Por Rodrigo Campos e Agustin Geist

NOVA YORK/BUENOS AIRES (Reuters) – O ativista trabalhista Alejandro Bodart marchou pelas ruas de Buenos Aires há duas décadas para protestar contra o Fundo Monetário Internacional (FMI), que muitos culparam pelas medidas de austeridade que agravaram a pior crise econômica de todos os tempos na Argentina.

Agora Bodart está na linha de frente novamente, temendo que um novo acordo para rolar 45 bilhões de dólares que a Argentina não pode pagar, aparentemente próximo, significará mais restrições de gastos no país sul-americano, onde mais de uma em cada quatro pessoas vive na pobreza.

“Haverá resistência social”, disse Bodart, secretário-geral do Movimento Socialista dos Trabalhadores (MST), à Reuters.

“Não vemos a possibilidade de um país viável no âmbito de um acordo com o FMI, por isso acreditamos que ele deva ser rejeitado.”

A visão de Bodart está no extremo da escala, mas ressalta o desafio enfrentado pelo FMI e pelo presidente de centro-esquerda da Argentina, Alberto Fernández, enquanto buscam fechar um acordo que equilibre a responsabilidade fiscal e a necessidade de crescimento.

Argentinos temem o potencial impacto de um acordo sobre os gastos públicos, que têm sido fundamentais para ajudar a sustentar o crescimento neste ano, enquanto o governo pode sofrer um golpe político de qualquer medida de austeridade antes das eleições presidenciais de 2023.

Fernández e seu ministro da Economia, Martín Guzmán, disseram que o novo acordo deve evitar ajustes fiscais que prejudiquem a recuperação econômica após anos de recessão e a pandemia de Covid-19.

Uma fonte do governo disse à Reuters em novembro que o principal ponto de conflito com o FMI é como reduzir o déficit fiscal sem uma “política de gastos contracionista”. Em vez disso, o governo quer melhorar a arrecadação de impostos e obter fundos de outros credores.

Edward Moya, analista da corretora de câmbio Oanda, disse que um novo pacto provavelmente envolveria a terceira maior economia da América Latina tendo que aceitar algumas decisões desagradáveis.

“A Argentina ainda está lutando contra um terrível problema de dívida, uma crise cambial e falta de reservas, razão pela qual eles não têm dinheiro para pagar o FMI”, disse Moya.

“Este filme provavelmente não terminará bem para os argentinos, pois o FMI exigirá grandes cortes nos gastos públicos.”

(Por Rodrigo Campos e Agustin Geist)

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