Especializado em agricultura de clima tropical, o Brasil também avança a passos largos na seleção genética de bovinos de leite e de corte próprios para serem criados em áreas abaixo da linha do Equador. Há décadas aprimora raças que se desenvolvem muito bem alimentadas apenas a pasto, sob altas temperaturas, solos ácidos e ataque de parasitas, como carrapatos, moscas e bernes. Todo esse avanço tem despertado a atenção de países de clima semelhante mas sem pecuária geneticamente desenvolvida, que ampliam acordos comerciais para adquirir tecnologia desenvolvida aqui, na forma de sêmen e embriões.

De janeiro a outubro de 2016 o faturamento do Brasil com a exportação de sêmen bovino aumentou 20% ante igual período de 2015, atingindo US$ 1,282 milhão. Na comparação com 2013, o ganho foi de 48%, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Com números tão animadores, o governo brasileiro intensificou, nos últimos meses, as tratativas para expandir as exportações de genética bovina.

Em janeiro, o País acertou com Moçambique, na África, o Certificado Zoossanitário Internacional, documento que garante o cumprimento das condições sanitárias exigidas para o trânsito internacional de embriões vivos, in vitro e sêmen bovinos. Em dezembro de 2015, acordo semelhante foi feito com Bolívia e Costa Rica. No mês passado, uma missão oficial do Panamá inspecionou regiões pecuárias brasileiras para revisar protocolos sanitários e aumentar as compras de material genético. Após a visita, a expectativa do Ministério da Agricultura brasileiro é de que a quantidade a ser vendida ao país da América Central cresça quatro vezes – de janeiro a outubro foram para lá 2.400 doses de sêmen bovino por US$ 11.239.

Propostas aceitas

Também este ano foram encaminhadas aos Serviços Veterinários estrangeiros mais 49 propostas de certificados com vistas à abertura de novos mercados. Dentre elas, já houve resposta positiva para República Dominicana (importação de embriões); Etiópia (embriões e sêmen); Paraguai (embriões in vitro); Israel (sêmen) e Uruguai (embriões in vitro).

O Ministério da Agricultura destaca como motivadores dessa expansão os avanços sanitários que o Brasil obteve na última década, como a ampliação da zona livre de febre aftosa no território nacional – no dia 23 de novembro, o ministro Blairo Maggi anunciou, em vídeo, que o Brasil receberá em maio de 2018 da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), em Paris, o certificado de território livre de febre aftosa, com vacinação.

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Entre os representantes do setor, a recente ampliação dos acordos é apenas o começo. “Acredito que, até 2020, vamos duplicar as exportações brasileiras de genética bovina”, disse o presidente da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), Sergio Saud. A diretora da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), Ana Claudia Mendes de Souza, afirma que, com o credenciamento de novas centrais para exportação de material genético e a expansão internacional, os embarques devem avançar outros 20% já no ano que vem. Ela cita como compradores em potencial países do sudeste asiático, como Malásia, Vietnã, Tailândia, Indonésia e Bangladesh. A ABCZ desenvolve, com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações, abrigada no MDIC), o projeto Brazilian Cattle Genetics, de exportação e promoção da genética pecuária brasileira.

O coordenador da Divisão de Trânsito Nacional da Secretaria de Defesa Agropecuária do ministério, Rodrigo Padovani, disse que desde o fim de 2014 a pasta coordena iniciativas em parceria com entidades do setor para ampliar mercados. Para 2017, prevê continuar a abertura de mercados e expandir as vendas para países que já são clientes. Saud, da Asbia, diz que o Brasil tem sido demandado para material genético sobretudo de raças zebuínas leiteiras, como Gir e Girolando.


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