Olhos escuros e pele levemente acobreada, maçãs do rosto salientes e uma expressão quase sorridente: assim é o rosto da “avó dos uruguaios” recriado mediante técnicas forenses digitais.
A imagem é projetada em uma parede do Museu de Arte Pré-colombiana e Indígena (MAPI) de Montevidéu, onde o especialista em reconstruções faciais digitais brasileiro Cícero Moraes se prepara para apresentá-la à sociedade.
É o rosto de uma mulher de entre 35 e 45 anos, cujos restos foram encontrados ao leste do que hoje é o território do Uruguai. Viveu há cerca de 1.600 anos e seu crânio é o mais antigo encontrado no país.
“Na reconstrução, pegamos o crânio digitalizado em 3D, colocamos marcadores de tecido mole, que são informações estatísticas, e cruzamos estas informações com um modelo anatômico. Depois fazemos uma escultura digital, pigmentamos o crânio para dar cor, colocamos cabelo, e finalmente o apresentamos”, explica Moraes à AFP.
Para os uruguaios, será a possibilidade de conhecer o habitante mais antigo de seu território já encontrado.
“Esta possibilidade de colocar rosto ao que não tem rosto no Uruguai, justamente pelo desaparecimento de grupos indígenas (…), é um marco na história da Antropologia e da Museologia”, explicou Facundo Almeida, diretor do MAPI.
O território do Uruguai foi habitado por indígenas charruas, guenoas, minuanos e guaranis.