A Polícia Civil e a Guarda Civil Metropolitana realizaram uma nova operação na área da Cracolândia, no centro de São Paulo. Agentes entraram no fluxo de usuários no fim da tarde desta sexta-feira, na Rua Helvétia, em busca de suspeitos de tráfico de drogas. Um balanço parcial da operação divulgado às 20 horas apontava a prisão em flagrante de seis traficantes e a detenção de um adolescente infrator, às vésperas do início da Virada Cultural na capital. O evento também influenciou a abordagem.

A ação é a 13.ª etapa da Operação Caronte, sob coordenação da Delegacia Seccional do centro e do 77.º Distrito Policial (Santa Cecília). Viaturas bloquearam o tráfego na Avenida São João enquanto 100 agentes percorrem o fluxo em busca de suspeitos. Os dependentes químicos foram orientados a permanecer sentados no local. Um veículo blindado da Polícia Civil foi deslocado para a região para dar apoio à operação e “observar de cima” caso houvesse algum confronto direto na intervenção.

Ao contrário da ação realizada na semana passada, desta vez os usuários que passavam pela revista eram orientados a permanecer sentados na Rua Helvétia e não podiam ser liberados. Segundo um investigador ouvido pela reportagem, a orientação era para que, após a operação, os dependentes fossem mantidos no local e não dispersassem pelo centro por causa da Virada Cultural e o possível impacto que isso teria na segurança do público.

Em uma conversa informal entreouvida pela reportagem, dois policiais se referiam ao evento como “Virada Criminal” e afirmavam que já circula uma expectativa de aumento nos casos de roubo e furto, principalmente de celulares durante o evento que ocorre neste sábado, 28, e domingo, 29. A ordem de permanecerem sentados causou momentos de tensão ao longo da operação, durante os quais os usuários se levantavam do chão e ameaçavam se rebelar contra a recomendação, enquanto outros furavam o bloqueio feito pela polícia. Em determinado momento, um agente da GCM disparou um tiro de efeito moral para o alto, o que fez com que dois grupos de dependentes sentados dos dois lados da calçada começassem a gritar em protesto.

As agitações dos usuários continuaram a ocorrer, mas foram contidas pelos agentes de segurança. Um dos investigadores foi ouvido pela reportagem comentando com os policiais: “Vai ter de deixar andar, não está dando pra segurar esses caras aqui não”.

Por volta das 19 horas, o “fluxo” começou a ser liberado da Rua Helvétia. Um homem que saiu por volta desse horário comentou que ainda não tinha previsão de aonde iria. “Agora é cada um por si.”

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O fluxo de usuários se deslocou para a Rua Helvétia após uma operação na Praça Princesa Isabel no dia 11. Desde aquele momento, o grupo tem percorrido diferentes pontos da região central, mas se estabeleceu na rua que fica localizada nos fundos do 77.º Distrito de Polícia, que investiga o tráfico de drogas na área. No local, foi construída uma unidade emergencial do Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica, voltado a acolher os dependentes químicos que queiram se reabilitar. O deslocamento tem motivado queixas da vizinhança diante do barulho e da desordem causada pelo grupo, além de relatos de furtos e roubos.

Melhora

O delegado Roberto Monteiro, à frente da Seccional do Centro, disse que a dinâmica do fluxo tem melhorado a cada operação. “Estamos vendo uma realidade muito diferente do que tínhamos na Praça Júlio Prestes, em que o fluxo de dependentes chegou a ter 4 mil pessoas, entre dependentes e traficantes”, disse nesta sexta ao Estadão. Em revista, a polícia chegou a encontrar dinheiro e drogas escondidos na cueca de um suspeito.

Monteiro explicou que a polícia continua com um trabalho de inteligência para identificar os traficantes que atuam no local. Segundo ele, entretanto, não há mais “chefes” ou “figuras de liderança” atuando na Rua Helvétia. “A maioria do que encontramos hoje são os chamados ‘lagartos’, que vendem a droga na mão mesmo. Estamos fazendo a identificação prévia e técnica dos traficantes, realizando a prisão em flagrante daqueles surpreendidos vendendo droga. Além de menos gente, tínhamos lá (na Praça Júlio Prestes) uma situação de lideranças do tráfico que incentivavam dependentes a se voltarem contra as forças policiais. Tínhamos tiro de arma de fogo.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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