A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos do 8 de Janeiro começou nova audiência pública nesta manhã de terça-feira (27). Desta vez, o colegiado ouve depoimento do ex-subchefe do Estado Maior do Exército, coronel Jean Lawand Júnior. Ele teve reveladas conversas com o ex-ajudante de ordens do ex-presidente presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid.

“A oitiva do militar, subchefe do Estado-Maior do Exército no governo anterior e atual adjunto do adido do Exército junto à Representação Diplomática do Brasil nos Estados Unidos, nos parece fundamental”, disse a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

Atualização: A sessão foi suspensa para horário de almoço e deve retornar após às 14h

Acompanhe ao vivo:

Na segunda-feira (26), a CPI mista ouviu o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar (DOP) do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime. Em depoimento, ele afirmou que a  Agência Brasileira de Inteligência (Abin) havia alertado aos órgãos de inteligência sobre ataque às sedes dos três Poderes no dia 8/1. Ele acrescentou que o núcleo de inteligência do DOP não teve acesso a esses alertas.

Quem é Jean Lawand Júnior

Formado na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), no Sul do Estado do Rio de Janeiro, o coronel de artilharia do Exército Jean Lawand Júnior, de 51 anos, é citado em investigações da Polícia Federal (PF) como um dos militares do alto escalão das Forças Armadas que incentivou uma tentativa de golpe de Estado após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PF) nas eleições do ano passado.

Em mensagens, Lawand aparece cobrando o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, para que fosse colocado em prática um plano, em oito etapas, para que as Forças Armadas assumissem o comando do País diante da derrota do ex-presidente nas urnas.

“Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem, que o povo está com ele (…). Acaba o Exército Brasileiro se esses caras não cumprirem a ordem do Comandante Supremo”, afirmou Lawand ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro por mensagem.

Subchefe do Estado Maior do Exército, Lawand ingressou nas Forças Armadas em 1992, aos 20 anos, na Academia Militar das Agulhas Negras, unidade em que Bolsonaro frequentou antes de ingressar na política. Ele se graduou em Ciência Militares na academia de preparação de oficiais, em Resende, e fez pós-graduação na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. O coronel é citado em um Anuário Estatístico da Aman como um dos melhores alunos da época. Lawand obteve a maior média entre todos os alunos que se formaram em 1996.

Atualmente, Lawand ocupa um dos postos mais altos das Forças Armadas. Antes, chefiou o 6º Comando de Mísseis e Foguetes (6º CFA) até dezembro de 2020, ainda como tenente-coronel. Foi comandante do Corpo de Alunos da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), em Campinas (SP), e foi o responsável pela primeira turma de mulheres que ingressaram no local, em 2017, por determinação da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), ainda em 2012. A lei previa que a EsPCEx e a Aman se adequassem em cinco anos.

* Com informações da Agência Estado